White Witch escreveu: Rant Casey escreveu: Então, negada, tou acordado tarde da noite hoje porque a tardinha fui pra oficina terminar uma tetéia que comecei segunda feira. Isso mesmo, fiz uma guitarra em três noites. Aí o cara vai até duas trabalhando mesmo.
Eis a foto da bichinha:
Não tenho audio dela gravado que possa postar.
Mas prometi ao WW umas fotos do estúdio, e na ocasião eu posso fazer um vídeo tocando uma por uma com o ampli e pedais sem modificação de parametros só pra mostrar o som.
Como assim "eu fiz uma guitarra"? virou luthier? LOL
Se contar as que fizeram música apenas, seria digamos a quinta que eu faço. (Descontando aqui as que deram errado, curva de aprendizado).
Essa menina está com um par de captadores Entwistle HDN. É super pesada em termos de som. Dá pra metal extremo de boa.
Aqui, WW... o imã de um captador faz muita diferença. Normalmente se usa AlNiCo (aluminio-niquel-cobalto), ou cerâmico (ferrite). Ferrite é mais forte que Alnico, portanto dá um captador com sinal mais forte, porém mais moderno. AlNiCo é bom pra uma vibe mais vintage, algo mais Slash.
Esse captador no entanto usa imã de Neodímio, mais forte que ferrite. Por incrível que pareça não é estridente, mas é porque a resistência do bobinamento desses captadores é muito alta.
Já que tu és asperger vou te dar um pouco de teoria da construção de guitarras. Catpítulo: captadores.
O captador é um indutor eletromagnético.
Consiste em um magneto, montado junto a uma ou duas bobinas (duas no caso da sua les paul) com fino fio de cobre, e diferentes quantidades de "voltas" na bobina. E pólos, que permitem o captador "ler" as cordas.
Dentro do campo magnético do captador, quando a corda (que é de material magneticamente permeável, isso é, o imã gruda nelas) se agita, produz uma voltagem, ou melhor, uma fração de 1 volt. Esse pulso elétrico é o sinal da guitarra que o amp amplifica.
Quando se olha especificações de captadores, há vários itens que os fabricantes listam.
Resistência DC: corresponde à resistência a corrente elétrica das bobinas. Via de regra quanto maior a resistência, menos claridade e mais "ardido" o som do captador. Mas isso não é um dado definitivo sobre a potência do sinal do captador, porque outros fatores entram em jogo. (Quase todos os fabricantes fornecem esse dado)
Pico de Ressonância: é a frequência em que o captador manifesta maior potência de sinal dentro do espectro de frequências dele. Quanto mais alto, mais "agudo" ele é, porque o volume do captador está focado naquela frequência. Um captador com pico de ressonância em 3 KHz é portanto mais "grave" que um cujo pico é 9 KHz (kilo hertz). (Seymour Duncan e Sérgio Rosar fornecem esse dado)
Saída (em milivolts): é basicamente o quantificador do sinal, em voltagem, que sai do captador. Alguns fabricantes como DiMarzio fornecem isso, mas é um dado variável, afinal uma palhetada mais forte produz mais volume e portanto maior voltagem. O dado do fabricante é obtido em "CNTP", com palhetadas de intensidade idêntica, logo é um dado de laboratório e não do mundo real.
Indutância: é a capacidade de indução elétrica do captador, ou seja, é a medida do fator Q, a eficiência do circuito, OU SEJA, o quanto ele consegue criar pulso elétrico a partir do movimento da corda. Quanto maior a indutância, maior a capacidade do captador produzir um pulso mais forte. Mede-se em "Henry" (Sérgio Rosar e Malagoli fornecem esse dado).
Os três elementos do captador, somados ao circuito da guitarra, somado à permeabilidade das cordas, afetam o som. Mas dá pra criar uma "matriz" de compreensão da seguinte forma:
Neodímio>Ferrite>Alnico = nos quesitos "indutância", e em termos de timbre, no quão "rude" o captador soa. Imãs mais fracos dão cleans mais bonitos e distorções mais "cremosas", imãs mais fortes dão distorções mais violentas.
Alta resistência Vs baixa resistência = quanto mais alta a resistência mais "comprimido" e "ardido" o som, e por causa disso é preferido pra rock pesado e solos onde é preciso que as notas sejam bem conectadas, sem silêncio entre elas. Já baixa resistência pode dar distorções legais até, mas seu plus é o fato de serem mais percussivos e dinâmicos, e ter mais claridade (o que alguns acham fundamental em sons limpos).
Se você tem captadores muito "bruscos e potentes" pra cleans bonitos uma saída é abaixar um pouquinho o volume do captador (na guitarra mesmo), e ele tende a "limpar". Também é um truque bom pra alternância entre sessões mais "sujas" e menos "sujas" de uma base, ou pra alternar entre uma base mais cantante pra um solo com mais volume e compressão.
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Um exemplo prático, eu me dou melhor hoje em dia com guitarras tipo Fender, como Stratocasters e Telecasters.
Seus captadores são usualmente e idealmente com imãs de alnico, resistência baixa a moderada (em torno de 5 a 7 Kilo Ohms), e não são bons pra metal, mas ótimos pra blues e "classic rock". Eu valorizo muito um som com claridade.
Essa guitarra ultima no entanto eu fiz pensando em algo pra poder tocar uns Alice in Chains com o mesmo poder de fogo que o Jerry Cantrell usa, mas ela encararia Mastodon, Rammstein, Metallica, Megadeth, tudo que você conseguir pensar em termos de som pesado e sujo. No caso dessa guitarra, esses captadores possuem resistência muito alta e imãs de neodímio, então é pra ter uma saída porrada e distorcer até o mais católico dos amplificadores.
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Quanto a filmar eu tendo a conseguir o melhor de dois mundos, ligando a interface de audio USB no Notebook. Aí eu microfono o amplificador. E ligo o YouCam pra captar o som direto da placa com boa qualidade, e captar a imagem (a qualidade não é aquilo tudo mas é melhor que usar uma camera normal e ter um som de merda).