DuFf Mckagan escreveu: Rant, de que forma foi aplicada a compressão no baixo? Foi pra regular a dinâmica ou pra dar uma encorpada no som? To apanhando aqui pra regular a compressão do Audacity, como regulou ela nessa faixa? E no caso de eu tá gravando o baixo e precise fazer pizzicato e slap e as partes com slap ficam mais altas que as com pizzicato, como faço pra igualar as duas?Não sei se deu pra entender...
Primeira coisa: se como eu, tu usavas o audacity 1.37, baixa imediatamente o último, 2.1.1
Agora respondendo, e usando o baixo como exemplo (a alternancia de pizzicatto com slap é um bom exemplo e vale pra bateria também). Lembrando que eu não sou macaco de estúdio e sim um experimentalista autodidata.
Primeira coisa é: mantenha o nível de entrada sempre inferior ou no máximo igual a -6dB nos picos. Isso é o básico e significa luz amarela no medidor. Eu pessoalmente acho -12dB o ideal porque te dá mais margem pra trabalhar depois. Isso pode ser regulado tanto na interface USB quanto no próprio nível de entrada do audacity (o desenho de microfone no medidor).
Segunda coisa: grave sempre trilhas em stereo. O que eu pessoalmente faço se não estou usando mesa de som é gravar em mono, duplicar a trilha, e aglutinar as duas em uma faixa estéreo simétrica.
Então digamos que tu fez isso e gravou a trilha de baixo com slaps, pops e dedilhada. Nas partes de pizzicatto tu vais ter um espectro em formato de tira bem regular, entrecortados nota a nota, e nos slaps e pops, picos bem altos.
E o volume resultante provavelmente vai ser baixo demais pra aparecer no mix. E precisa mais.
O que você precisa não é igualar as duas partes, mas apenas fazer o baixo aparecer na mistura.
Primeiro grave a trilha de baixo, e siga gravando o resto. Deixa pro final a calibragem. Usa o slider de ganho que fica à esquerda da faixa por enquanto. Mas digamos que tu gravou tudo já. Aumentar o ganho do baixo sozinho vai criar clipping, pipocos e distorção na caixa de som. Então não é o modo certo.
O que fazer? Existem alternativas que podem ser usadas juntas ou em separado.
1) Equalizar:
A maioria das caixas de som não reproduz bem o baixo. Eu tenho dois sons aqui, os monitores, e um stereo de 1978, pra referencia. Se não soar bom no monitor, não soa bom em lugar nenhum. Se soar bom nesse stereo, soa bom em qualquer lugar.
A questão é que frequências abaixo de 40Hz são sub-sônicas, não ouvimos, apenas sentimos no corpo através do tato. Alguns de nós não ouvem frequências abaixo de 70Hz (já notou como é dificil afinar o baixo "de ouvido"?).
Passa um EQ no baixo. Corta regressivamente, até 3dB a partir de 40Hz, passe pra 2dB de corte na faixa dos 80Hz, e a partir de 120Hz dá um boost de 1 ou 2 dB se necessário, regredindo até chegar em 400Hz (pro seu baixo não ficar agudinho).
O que isso vai fazer é realçar o conteúdo CENTRAL do baixo, operando mais nos médio-graves do que nos graves em si. Ele vai aparecer mais na mistura, e sim, vai ter mais volume nos lugares certos.
2) Compressor
No Audacity 2.1 o compressor foi melhorado.
Eu não fuço demais no compressor. Uso proporção 2:1, o único detalhe é esse: ao invés de clicar a caixa "normalizar pra 0dB depois da compressão" eu clico em "normalizar pelos picos". Senão vai comprimir e espichar tudo até a zona de clipping, e isso engessa o teu audio pra futuras modificações. Eu costumo deixar o compressor como penúltimo recurso.
3) Nivelador
É um tipo de compressor, mas o que ele procura fazer é, digamos, realçar partes mais baixas e achatar partes mais altas, de modo a resolver inconsistências de dinâmica. É uma boa ferramenta sobretudo na setagem padrão, "moderado", porque não vai aplainar a onda da faixa. Vai apenas dar mais consistência a ela. Invariavelmente no tocante ao baixo o som "vem pra fora". Eu considero a primeira coisa a se usar.
4) Limiter e Amplificar
Eu só costumo usar o Hard Limiter, o Soft ainda não aprendi a usar. O que ele faz é ceifar picos a partir do ponto que tu escolher. Digamos... que tu queiras cortar os picos em -6dB. Ele vai literalmente cortar tudo que esteja entre 0dB (máximo) e -6dB.
Problema: ele vai cortar conteúdo audível junto, portanto vai comprometer a "resolução" do áudio um pouco. Em outras palavras, perde sutileza. É uma tesourada na onda.
Mas vai permitir você depois amplificar a faixa inteira em até 6dB sem clipping (eu gosto de reamplificar de volta -5,5dB se cortei 6, sempre 0,5 a menos, pra não dar clipping).
E ao reamplificar, não apenas o pico sobe de volume mas o vale também. Aí o slap cai e o pizzicato sobe.
Esse, camarada, é o útimo recurso.
5) Normalizar
Esse é bom de usar se não usaste o item 4.
Digamos que tu estás com todas as faixas calibradas em volume. E há margem de aumento antes do clipping, digamos, 12dB. Maravilha isso.
Tu podes selecionar todas as faixas e normalizar. Ele vai perguntar qual o limite (se não deres nenhum ele normaliza tudo pra 0, ou seja, um alfinete caindo no chão antes de dar clip). Eu gosto de normalizar tudo com limite de -1 ou até -2dB dependendo da música.
Na prática é um amplificar aplicado ao audio inteiro, mas na realidade o que isso faz é amplificar com um teto pra todas as faixas, um parâmetro mais solido pra finalizar o mix.
Importante:
* resista à tentação de gravar com o volume perigosamente alto e beirando clipping na parte do slap para evitar que a parte do pizzicatto soe baixo demais. Tem como erguer isso depois, então defina o pico do som entre -6dB e -12dB, e seja paciente: mais adiante isso pode ser trabalhado.
* o importante aqui é ter margem de adição sem ter que fazer muitos cortes. Então... o segredo pra isso é não precisar cortar, logo, não exceder a banda de audio.
* faça o que eu digo e não o que eu faço: procure gravar com fones de ouvido pra não ter depois que lidar com "ecos" das outras faixas que foram pegas no microfone nas faixas subsequentes. Isso evita dores de cabeça na hora de subir o volume na mixagem final. Mantenha o monitor o mais baixo possível na hora do overdub ou se possível até calado.
* se vai microfonar os intrumentos, lembre-se de que tudo soa mais grave depois de gravado, com a maioria dos microfones (inclusive os bons). Então resista à tentação de gravar baixos e guitarras com pouco brilho e agudos. Vai soar tudo nasal depois no mix. Grave com brilho e agudos, e SE NECESSÁRIO, depois atenue na equalização (seja faixa por faixa, seja no mix final, depende da sua linha de trabalho). Quando uma bateria e um baixo estão botando fogo no mundo, aquela guitarra que sozinha parecia estridente, começa a parecer destacada e viva no mix.
* lembre-se que a maioria dos meios de reprodução a serem usados a posteriori, são uma bosta. Fones de ouvido, caixinha de pc, mini system, micro system, som de carro (a maioria deles)... aquele baixo cheio de BOOOOM nesses meio aí, vão ser uma roncadeira infernal. Busque um som equilibrado e vivo. Não tenha medo de soar "padrão", existe uma razão pros estúdios não fazerem as mixagens "no onze" (Spinal Tap!). E a razão é que simplesmente é pérola pra porcos: 99,99999% dos reprodutores de som do mundo são ruins até pra toque de celular.