O que você quer da vida?

Parei pra pensar sobre essa pergunta esses dias.
Não digo que questionei de forma objetiva, como ter um carro, filhos ou qualquer coisa assim.
Preciso de aventura, situações diversas que envolvam alguma forma de risco.

O tipo de vida de classe média, tudo seguro e controlado, é um fardo.

Eu não tenho como racionalizar a necessidade do risco, mas é algo que sinto que preciso. Conforto e luxo material me trazem o sono e o aborrecimento. Saber quais são as necessidades pessoais internas e colocar isso antes de qualquer necessidade da sociedade é mais revolucionário do que qualquer grupelho feminista.
Até porque não vi nenhuma ideologia que tivesse o indivíduo como prioridade, mas não exatamente no endeusamento do ego, mas sim do atendimento de uma necessidade interna. Pode ser que eu esteja errado, porque não entendo muito de filosofia.

Comprei o livro "Wild" da escritora Cheryl Strayed. Ela viajou 1.770 kilômetros pela costa oeste dos EUA, do deserto de Mojave até o Estado de Washington.
É nesse tipo de coisa que eu gosto, estilo épico. Livro foi best seller e virou filme em 2014.

O Ernst Jünger e sua filosofia de anarca é uma "ideologia" que tem o indivíduo como prioridade no sentido de uma necessidade interna. Outro autor que aborda isso é o Colin Wilson em seu livro The Outsider.

"Preciso de aventura, situações diversas que envolvam alguma forma de risco.

O tipo de vida de classe média, tudo seguro e controlado, é um fardo.

Eu não tenho como racionalizar a necessidade do risco, mas é algo que sinto que preciso. Conforto e luxo material me trazem o sono e o aborrecimento."

Cuidado para não produzir um alter ego Tyler Durden! Hahahaha

Mas falando sério, tenho me feito as mesmas perguntas que vc.

O mais próximo que encontrei de uma "reposta" é viver uma existência o mais próximo do primitivo possível.

Não digo literalmente primitivo como o unabomber (sendo que ele não conseguiu ser tão primitivo quanto queria), mas combinar o melhor do tecnológico com o melhor do arnaco-primitivismo. Tipo, morar longe de grandes centros urbanos seria um bom começo.

O problema, ao meu ver, não está tanto na rotina em si, mas na falta de sentido da rotina.

Há uma grande diferença entre caçar ou plantar a própria comida e trabalhar num escritório.

Em ambos há rotina, mas no primeiro é uma rotina que faz sentido pq vc está fazendo algo fundamental para sua sobrevivência, fora que o contato com a natureza é muito melhor do que ficar enterrado em pilhas de papéis numa sala fechada.

Já o segundo é um trabalho estéril em todos os sentidos. Não há risco, não há uso da criatividade, não há nada. Vc apenas cumpre uma função que vc sequer compreende direito qual o propósito, na verdade sequer tem um propósito, a função em si é o próprio propósito.

A rotina no primeiro caso não é maléfica pq traz todos os tipos de benefícios, tanto materiais (sobrevivência) quanto espirituais (contato com a natureza, etc).

Usei o caçar e plantar como exemplo, não estou mandando ninguém virar literalmente caçador coletor, embora a ideia de plantar o próprio alimento seja interessante.

O ponto que quis ilustrar é que o trabalho, qualquer que seja, precisa ter um sentido para vc, e um sentido que venha de dentro para fora (a necessidade interna que vc falou), não um trabalho do tipo "Pai! Mãe! Estou ganhando super bem!".

Quem diria? Eu e Redondo temos mais comum do que eu pensava.

Última edição por Joe em 07/05/15, 11:16 pm, editado 1 vez(es)

“These men [classe média] are in prison: that is the Outsider’s veridict. They are quite contented in prison—caged animals who have never known freedom; but it is prison all the same. And the Outsider? He is in prison too: nearly every Outsider in this book [Wilson se refere a personalidades que analisou, que vai de Nietzsche a Lawrence da Arábia] has told us so in a different language; but he knows it. His desire is to escape. But a prison-break is not an easy matter; you must know all about your prison, otherwise you might spend years in tunnelling, like the Abbe in The Count of Monte Cristo, and only find yourself in the next cell.”
― Colin Wilson, The Outsider

The outsider is not sure who he is. He has found an “I”, but it is not his true “I”.’ His main business is to find his way back to himself.”
― Colin Wilson, The Outsider

“Ask the Outsider what he ultimately wants,and he will admit he doesn't know.Why? Because he wants it instinctively,and it is not always possible to tell what your instincts are driving towards.”
― Colin Wilson, The Outsider

Joe escreveu:

O Ernst Jünger e sua filosofia de anarca é uma "ideologia" que tem o indivíduo como prioridade no sentido de uma necessidade interna. Outro autor que aborda isso é o Colin Wilson em seu livro The Outsider.

"Preciso de aventura, situações diversas que envolvam alguma forma de risco.

O tipo de vida de classe média, tudo seguro e controlado, é um fardo.

Eu não tenho como racionalizar a necessidade do risco, mas é algo que sinto que preciso. Conforto e luxo material me trazem o sono e o aborrecimento."

Cuidado para não produzir um alter ego Tyler Durden! Hahahaha

Mas falando sério, tenho me feito as mesmas perguntas que vc.

O mais próximo que encontrei de uma "reposta" é viver uma existência o mais próximo do primitivo possível.

Não digo literalmente primitivo como o unabomber (sendo que ele não conseguiu ser tão primitivo quanto queria), mas combinar o melhor do tecnológico com o melhor do arnaco-primitivismo. Tipo, morar longe de grandes centros urbanos seria um bom começo.

O problema, ao meu ver, não está tanto na rotina em si, mas na falta de sentido da rotina.

Há uma grande diferença entre caçar ou plantar a própria comida e trabalhar num escritório.

Em ambos há rotina, mas no primeiro é uma rotina que faz sentido pq vc está fazendo algo fundamental para sua sobrevivência, fora que o contato com a natureza é muito melhor do que ficar enterrado em pilhas de papéis numa sala fechada.

Já o segundo é um trabalho estéril em todos os sentidos. Não há risco, não há uso da criatividade, não há nada. Vc apenas cumpre uma função que vc sequer compreende direito qual o propósito, na verdade sequer tem um propósito, a função em si é o próprio propósito.

A rotina no primeiro caso não é maléfica pq traz todos os tipos de benefícios, tanto materiais (sobrevivência) quanto espirituais (contato com a natureza, etc).

Usei o caçar e plantar como exemplo, não estou mandando ninguém virar literalmente caçador coletor, embora a ideia de plantar o próprio alimento seja interessante.

O ponto que quis ilustrar é que o trabalho, qualquer que seja, precisa ter um sentido para vc, e um sentido que venha de dentro para fora (a necessidade interna que vc falou), não um trabalho do tipo "Pai! Mãe! Estou ganhando super bem!".

Quem diria? Eu e Redondo temos mais comum do que eu pensava.

Vários membros dessa comunidade estão aqui não de forma aleatória, mas porque possuímos algo em comum. E justamente por isso há o intercâmbio de ideias e expressões.
Talvez eu tenha passado uma imagem errada de quem eu sou aqui na comunidade. Mas dá para amadurecer isso com o tempo.