Lendo
Eumeswil do Ernst Jünger.
É praticamente um ensaio filosófico disfarçado de narrativa distópica.
Jünger explica a diferença entre ser anarquista e um anarca.
Um anarca, em resumo, é uma pessoa que não se identifica com nenhum regime político e afirma que a natureza humana é ser anarca, e que nossas predileções políticas são moldadas pela sociedade.
Por não se identificar com nenhum regime político, o anarco é livre de idealismos (pois todos os regimes políticos e ideais se corrompem ou se desvirtuam) e se adapta a realidade que lhe é apresentada, independente de qual seja.
Em Eumeswil (pronúncia é önswil) o protagonista é um historiador e barman que trabalha na cidade-estado de Eumeswil, governada por um tirano (alusão a Hitler) num mundo pós-apocalíptico. O protagonista está mais preocupado com sua felicidade pessoal e enxerga o regime de forma distanciada, como um mero observador que não tem nenhum interesse fora a curiosidade intelectual.
Esse link tem um bom resumo do que seria um anarca jüngeriano:
"As figuras do rebelde ou do anarca, em Ernst Jünger, implicam uma outra ideia: o “recurso à floresta”. Ao recorrer à floresta, o anarca (o rebelde) manifesta a sua livre vontade de procurar ele mesmo a sua própria via e de fugir, assim, à massificação, que é o reino do maior número. Mas como sobreviver no deserto espiritual desta massificação? Em Eumeswil, o anarca, que aperfeiçoa o conceito de rebelde e o eleva a um nível qualitativo superior, é o homem que quer afirmar a sua própria liberdade. Mas à parte do sistema, pelos seus próprios meios. O rebelde, depois o anarca, mantêm a sua própria identidade, não aceitam desempenhar qualquer papel na sociedade sufocante da qual procuram fugir. Pelo contrário, procuram os seus pares, com a esperança de formar novas elites que agirão directamente sobre os núcleos vitais do sistema."http://ofogodavontade.wordpress.com/2009/03/24/o-anarca-de-ernst-junger-e-outras-figuras-dissidentes/Última edição por Joe em 09/11/14, 11:03 pm, editado 1 vez(es)