Somos frutos do nosso inconsciente. O inconsciente comanda nossas ações manipulando a razão, e, assim, acreditarmos na ideia de que tomamos uma ação pensada.
O que decide são nossas entranhas, nossos instintos primitivos, só faltando construir uma retórica convincente para apresentá-la ao exterior como "monumento da razão".
A consciência, o que acreditamos ser, não passa de um pequeno recorte de luz sobre o mar do inconsciente, lançada pelo farol. Mas quem é o faroleiro? Quem decide no que pensamos? Um pensamento acontece quando ele quer e não quando nós queremos. O faroleiro é a vontade, é o querer. Experimente pensar naquilo que não se tem vontade e verá seus pensamentos emudecerem.
Quando encostamos a mão em algo quente não racionalizamos para tirar. Quando descobrimos que nossa amada é uma puta não racionalizamos para sentir nojo. Quando estamos em perigo não racionalizamos nossos reflexos de autodefesa. As considerações são sempre post factum. Na hora você não pensou, na hora você agiu de acordo com um comando das profundezas.
Não são poucos os que dizem: "como fui capaz de fazer aquilo?"
A questão do homem superior e aristocrático não mata suas paixões, mas as adestra para o seu interesse, após séculos de niilismo negativo (cristianismo, in Deleuze), ele está sempre seguindo o seu próprio faro. Apesar de doente ele não se sente doente, porque não serve às virtudes, são elas que devem servir a ele. Portanto não é um estóico, um judeu grego.
Não acredita nas obras da razão, do espírito ou coisas do tipo, porque todas elas tiveram impulso nas águas do inconsciente, a razão é apenas um instrumento para um fim, e jamais um fim em si mesmo como foi para Sócrates. Racionalizar o mundo não é fruto de um ser saudável, pois seria cultivar conceitos mumificados pelo tempo.
Ser primitivo, conservar o instinto e afirma-lo. Lutar para se impor, não ser fraco para se submeter, ser insolente e jocoso, desprezar os aduladores e chorões, rir da queda, desafiar a vida, desprezar. Somos nós arcaicos o bastante para isso?
Desejo o maior mal a todos para o vosso bem!
Rada, do Tártaro, julho de 2014.
Última edição por Radamanto em 20/10/14, 10:39 pm, editado 1 vez(es)
O que decide são nossas entranhas, nossos instintos primitivos, só faltando construir uma retórica convincente para apresentá-la ao exterior como "monumento da razão".
A consciência, o que acreditamos ser, não passa de um pequeno recorte de luz sobre o mar do inconsciente, lançada pelo farol. Mas quem é o faroleiro? Quem decide no que pensamos? Um pensamento acontece quando ele quer e não quando nós queremos. O faroleiro é a vontade, é o querer. Experimente pensar naquilo que não se tem vontade e verá seus pensamentos emudecerem.
Quando encostamos a mão em algo quente não racionalizamos para tirar. Quando descobrimos que nossa amada é uma puta não racionalizamos para sentir nojo. Quando estamos em perigo não racionalizamos nossos reflexos de autodefesa. As considerações são sempre post factum. Na hora você não pensou, na hora você agiu de acordo com um comando das profundezas.
Não são poucos os que dizem: "como fui capaz de fazer aquilo?"
A questão do homem superior e aristocrático não mata suas paixões, mas as adestra para o seu interesse, após séculos de niilismo negativo (cristianismo, in Deleuze), ele está sempre seguindo o seu próprio faro. Apesar de doente ele não se sente doente, porque não serve às virtudes, são elas que devem servir a ele. Portanto não é um estóico, um judeu grego.
Não acredita nas obras da razão, do espírito ou coisas do tipo, porque todas elas tiveram impulso nas águas do inconsciente, a razão é apenas um instrumento para um fim, e jamais um fim em si mesmo como foi para Sócrates. Racionalizar o mundo não é fruto de um ser saudável, pois seria cultivar conceitos mumificados pelo tempo.
Ser primitivo, conservar o instinto e afirma-lo. Lutar para se impor, não ser fraco para se submeter, ser insolente e jocoso, desprezar os aduladores e chorões, rir da queda, desafiar a vida, desprezar. Somos nós arcaicos o bastante para isso?
Desejo o maior mal a todos para o vosso bem!
Rada, do Tártaro, julho de 2014.
Última edição por Radamanto em 20/10/14, 10:39 pm, editado 1 vez(es)