Clube da Luta: num trailer honesto.

Palahniuk no livro ''O Sobrevivente'', que também tem como personagem principal um fracassado, coloca não apenas o personagem principal como fracassado, mas mesmo aqueles que estão a frente de todo o sistema (bilionários, governantes e celebridades) como pessoas que acabam levando uma vida bosta, que mesmo estando na posição mais alta (que o sistema coloca como a mais alta) ainda não conseguem autonomia, o motivo é simples: a autonomia e atitude anarca advém do interno e não do externo ao escopo de escolhas do cara, é simplesmente como vc decide viver a sua vida.

Em suma, o Jack até havia se dado bem no sistema, ele diz algo como ''meu apartamento estava próximo de ser perfeito''. Mas a ilusão do personagem é que, talvez, ele acreditasse que quando finalmente conseguisse montar o apartamento e a vida certinha, então ocorreria uma mudança de 180 graus na vida dele, que começaria a ser um sucesso, contudo, ao chegar próximo dessa 'perfeição' (caminho enfadonho que minou toda sua energia de viver) o personagem começa a colapsar, uma parte no cérebro dele grita que a situação tá uma merda, infelizmente, como disseram o Tyler só representa uma externalização do problema (projeto destruição), ou seja, o cara continua preso.

Dai a conclusão é que não importa se você é bem sucedido ou não no sistema em que vive, porque a autonomia, a atitude 'anarca' é muito mais interna do que pautada por condicionantes externos. Os que querem mudar o mundo não se atentam para a grande decepção que as populações de países que passaram por grandes revoluções tiveram, eles não percebem que se cria uma imensa ilusão pré revolucionária, achando que tudo vai ser diferente, bonito e excitante, porém quando passado um tempo eles se tocam que a situação continua uma bosta, mas isso se deve à condicionantes internos, que é a incapacidade de transcender a porra toda mesmo. Essa incapacidade é aumentada quando grandes promessas de mudança social e 'culpados' são apontados, porque o cara continua na dependência de ''depois que derrotar aquilo, finalmente serei livre.'', mas não se atenta para o fato que o que ele precisa derrotar é ele próprio, e os rumos que ele escolheu tomar.

Rant Casey escreveu:

Porra, me lembrei agora de quando o perfil do White Witch foi deletado por qualquer razão e assumi a propriedade da RM provisoriamente. Para dar umas risadas pusemos um tópico decretando Lei Marcial e dissemos que o WW tava sob custódia da junta revolucionária.

E não é que a porra louca da Símia Zen (lembram dela?) veio desesperada nos meus scraps exigir saber onde estávamos mantendo o WW e garantir que não machucaríamos ele?!

Caralho, nunca ri tanto na internet.

A dita cuja me apurrinhou bastante, até que fiz uma proposta indecente o suficiente e ela resolver sumir rs.

Joe está virando pessoísta, em breve cairá no mais absoluto caeirismo:

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

White Witch escreveu:

Rant Casey escreveu:

Porra, me lembrei agora de quando o perfil do White Witch foi deletado por qualquer razão e assumi a propriedade da RM provisoriamente. Para dar umas risadas pusemos um tópico decretando Lei Marcial e dissemos que o WW tava sob custódia da junta revolucionária.

E não é que a porra louca da Símia Zen (lembram dela?) veio desesperada nos meus scraps exigir saber onde estávamos mantendo o WW e garantir que não machucaríamos ele?!

Caralho, nunca ri tanto na internet.

A dita cuja me apurrinhou bastante, até que fiz uma proposta indecente o suficiente e ela resolver sumir rs.

A Símia Zen tinha alguma glândula no corpo que produzia LSD endógeno.

Joe, tem uma frase do Magic que diz:  "Compreendo teus medos. Compadeço-me de tuas dúvidas. Absolvo-te de ambos."

Falo isso porque também vivo em ambiente acadêmico, ao mesmo tempo que moro na capital em SP, estou na raiz de todo mal, no topo do Vesúvio por onde sai a lava. Por ai a merda deve ser foda também, pra não dizer que Pelotas foi tomada pelos LGBT.

De toda forma encontro formas de transcender a merda toda, a principal é a Capoeira. Os treinos, as rodas, eventos, a moral interna à ela, e ela própria é uma ZAT, embora nem sempre tenha território fixo. Serviu para os escravos, e serve hoje para o mundo pós moderno, como diz uma das musicas, é a "arte de libertação''. Acho que a capoeira que não me deixou ficar maluco, além de ter um componente tradicional e cultural monstruoso que aprendo e absorvo mais a cada dia.

Mas, ainda assim ela é apenas um paliativo, terei que fazer um plano de maior envergadura e pensar algumas mudanças radicais ( e fora de SP) pra viver decentemente. E o Rant não sabe a sorte que tem da facilidade e familiaridade com as questões do sítio e tudo o mais..

Ragnar Lothbrok escreveu:

E o Rant não sabe a sorte que tem da facilidade e familiaridade com as questões do sítio e tudo o mais..

Rant é um privilegiado. Mora num buraco do interior longe de toda a loucura urbanoide, não fez faculdade, sabe se virar com trabalhos manuais, etc. Ele faz troça da minha dor pq não a compreende.

Uma música adequada para este momento.



And you may find yourself living in a shotgun shack
And you may find yourself in another part of the world
And you may find yourself
behind the wheel of a large automobile
And you may find yourself in a beautiful house,
with a beautiful wife
And you may ask yourself-Well...How did I get here?

Letting the days go by/let the water hold me down
Letting the days go by/water flowing underground
Into the blue again/after the money's gone
Once in a lifetime/water flowing underground.

And you may ask yourself
How do I work this?
And you may ask yourself
Where is that large automobile?
And you may tell yourself
This is not my beautiful house!
And you may tell yourself
This is not my beautiful wife!
Letting the days go by/let the water hold me down
Letting the days go by/water flowing underground
Into the blue again/after the money's gone
Once in a lifetime/water flowing underground.

Same as it ever was.Same as it ever was Same as it ever was
Same as it ever was.Same as it ever was.Same as it ever was
Same as it ever was...Same as it ever was...

Water dissolving...and water removing
There is water at the bottom of the ocean
Remove the water carry the water
Remove the water at the bottom of the ocean!

Letting the days go by/let the water hold me down
Letting the days go by/water flowing underground
Into the blue again/after the money's gone
Once in a life time water flowing underground.
Into the blue again/into the silent water.
under the rocks and stones/there is water underground

Letting the days go by/into the silent water
Once in a lifetime/water flowing underground

And you may ask yourself
What is that beautiful house?
And you may ask yourself
Where does that highway lead to?
And you may ask yourself
Am I right?...Am I wrong?
And you may say to yourself
MY GOD!...WHAT HAVE I DONE?

Letting the days go by/let the water hold me down
Letting the days go by/water flowing underground
Into the blue again/after the money's gone
once in a lifetime/water flowing undeground
into the blue again/into the silent water
under the rocks and stones/ there is water underground
letting the days go by/into the silent water
once in a lifetime/water flowing underground

Same as it ever was.Same as it ever was.Same as it ever was
Same as it ever was.Same as it ever was.Same as it ever was
Same as it ever was...Same as it ever was...

Time isn't holding us, time isn't after us
time isn't holding us, time doesn't hold you back
time isn't holding us, time isn't after us
time isn't holding us,

Letting the days go by(x3)
once in a lifetime
letting the days go by(x3)
once in a lifetime

Joe escreveu:

Ragnar Lothbrok escreveu:

E o Rant não sabe a sorte que tem da facilidade e familiaridade com as questões do sítio e tudo o mais..

Rant é um privilegiado. Mora num buraco do interior longe de toda a loucura urbanoide, não fez faculdade, sabe se virar com trabalhos manuais, etc. Ele faz troça da minha dor pq não a compreende.

Uma música adequada para este momento.

I'll check my privilege.

Rant Casey escreveu:

Joe escreveu:

Ragnar Lothbrok escreveu:

E o Rant não sabe a sorte que tem da facilidade e familiaridade com as questões do sítio e tudo o mais..

Rant é um privilegiado. Mora num buraco do interior longe de toda a loucura urbanoide, não fez faculdade, sabe se virar com trabalhos manuais, etc. Ele faz troça da minha dor pq não a compreende.

Uma música adequada para este momento.

I'll check my privilege.

Isso mesmo. E só para garantir que vc faça isso, vou deixar esse link de lembrança.

http://tinyurl.com/m97rzvs

White Witch escreveu:

Rant Casey escreveu:

Nah.

Eu acho muito válido ter um gerador a diesel, e alguns meios de reação em caso de falta de serviços (não estou falando em apocalipse zumbi, mas cousas normais). Eu sempre achei hortaliças cultivadas em casa mais saborosas também. Coisa assim. E prefiro meus filhos me apurrinhando pra lhes fazer uma casa na árvore do que me apurrinhando pra levar eles no PlayCenter com os filhos do Redondo.

Mas se mudar pro meio do mato, se não for um caso sério de misantropia, é muita vontade de reinventar a roda.

Pouca coisa realmente me incomoda "na sociedade". Eu estou OK com a sociedade. Quando eu fico puto é com o Estado, que se mete onde não deve e não funciona no que precisa: se ele começar a funcionar onde deve e não se meter onde não precisa, para mim está ÓTIMO.

Eu não gosto de engarrafamentos. Não gosto de buzina. Não gosto de carro com som alto tocando funk parando na minha esquina o tempo todo. Não gosto de ir ao cinema. Não gosto de shopping center. Meus dissabores com "o sistema" são fáceis de resolver: uma casa num bairro residencial duma cidade de interior já me afastam razoavelmente bem destas moléstias existenciais.

Um aspecto da infancia negligenciado é a "descoberta" de pequenas coisas. No "meio do mato", há muito o que fazer e explorar. Crianças andam randomicamente em grandes espaços, observando e descobrindo cada detalhe, esquecemos que já fomos mini-exploradores. Quando infante, no meu apartamento de Cohab, eu sabia cada mancha de parede, cada defeito no piso. Quando ia para o interior, casa de tias com terrenos grandes o máximo de civilização perto era uma rodovia, havia uma sensação de imensidão, de que poderia andar para sempre e o mundo nunca acabar.

Sobre essa "necessidade de explorar'', é algo que pra mim parece bastante latente e que se torna algo sufocado pelas condições de hoje. Até se perder num local desconhecido era em parte uma diversão, vc tinha que se virar, testar suas habilidades (algo que no passado o homem fez muito). Hoje o cara tem um GPS que impede isso. Mesmo o "sair por ai e ver onde chegaremos'' perdeu a graça com o google maps e internet.

O homem quase não consegue mais explorar, se contenta em assistir "a prova de tudo'' e "Survivorman'' e achar aquilo tudo muito foda. Mas, pra algo real quase não há mais espaço, então ele tenta resolver isso de outra forma. Uma delas é treinar o sobrevivencialismo na selva, que 95% das vezes é mais porque o cara gosta daquilo, que também inclui acampar, escalar, lidar com animal selvagem e pular em cachoeiras, do que por uma funcionalidade em algum caos social ou apocalipse.

Até nos seriados, como o Joe já mostrou algumas vezes, tá cada vez mais difícil colocar as situações de aventura e exploração do desconhecido.

Ragnar Lothbrok escreveu:

Até nos seriados, como o Joe já mostrou algumas vezes, tá cada vez mais difícil colocar as situações de aventura e exploração do desconhecido.

E isso explica o sucesso de seriados como The Walking Dead.

No momento em que a civilização acaba, vc se vê numa situação de absoluta liberdade. Não há patrão, horários a serem cumpridos, contas para pagar, etc. Apenas vc explorando um mundo novo sem regras.

Rant Casey escreveu:

Nah.

Eu acho muito válido ter um gerador a diesel, e alguns meios de reação em caso de falta de serviços (não estou falando em apocalipse zumbi, mas cousas normais). Eu sempre achei hortaliças cultivadas em casa mais saborosas também. Coisa assim. E prefiro meus filhos me apurrinhando pra lhes fazer uma casa na árvore do que me apurrinhando pra levar eles no PlayCenter com os filhos do Redondo.

Mas se mudar pro meio do mato, se não for um caso sério de misantropia, é muita vontade de reinventar a roda.

Pouca coisa realmente me incomoda "na sociedade". Eu estou OK com a sociedade. Quando eu fico puto é com o Estado, que se mete onde não deve e não funciona no que precisa: se ele começar a funcionar onde deve e não se meter onde não precisa, para mim está ÓTIMO.

Eu não gosto de engarrafamentos. Não gosto de buzina. Não gosto de carro com som alto tocando funk parando na minha esquina o tempo todo. Não gosto de ir ao cinema. Não gosto de shopping center. Meus dissabores com "o sistema" são fáceis de resolver: uma casa num bairro residencial duma cidade de interior já me afastam razoavelmente bem destas moléstias existenciais.

Meus filhos não irão ao playcenter, mas sim aos treinos de Jiu e às trilhas dentro do mato em MG...

Vem a calhar no tópico...
Alguém lembra daquele filme "A Praia?"
O personagem principal, Richard, descobre uma série de potencialidades nele mesmo em um ambiente com muita liberdade e pouca restrição. O filme é de 2000.
Vale a pena relembrar.

Não nos esqueçamos que o Fight Clube 2 vem ai, isso pode mudar Tyler..

http://community.ew.com/2015/05/07/fight-club-2-graphic-novel/

Essa historia de que Tyler é uma consumista não faz sentido.

Ter abdominais não quer dizer que a pessoa é consumista. Quer dizer simplesmente que ela não come porcaria.

Ele vender sabonete também não. Ele simplesmente não é um mendigo.

O personagem de Tyler tem uma personalidade foda, por isso achamos que ele é "estiloso" sendo que em diversas cenas ele está usando um roupão. Ou melhor, É melhor ser do que ter. Qualquer coisa que ele usasse iria fazer ele parecer um cara "estiloso"

Pra mim Tyler é igual ao coringa. Ele não quer dinheiro, ele simplesmente que destruir o sistema.

Não é sobre o Clube da luta mas o Burno faz um releitura legal do Coringa que no caso me lembra ao Tyler.

https://www.youtube.com/watch?v=N0icVYAdSsc

Joe, esse tipo de personagem "outsider'' não é tão comum, ao menos os mais radicais e criativos, são coisa rara.

Talvez se você escrever uma história com um personagem 'outsider' a própria história te mostre formas melhores de viver a vida nessa porra toda.

Ragnar Lothbrok escreveu:

Joe, esse tipo de personagem "outsider'' não é tão comum, ao menos os mais radicais e criativos, são coisa rara.

Talvez se você escrever uma história com um personagem 'outsider' a própria história te mostre formas melhores de viver a vida nessa porra toda.

Na verdade na literatura mais antiga é. O Colin Wilson analisa vários personagens literários outsiders e como eles são um reflexo do próprio autor.

Mas no cinema e literatura atual realmente há poucos outsiders.