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Fórum para homens a moda antiga


Clube da Luta: num trailer honesto.

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Ashura
Joe
Rant Casey
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Bom, é isso aí, anarcas.

Recolham as panelas, joguem os sacos de banha no lixo, e bora todo mundo ler Jünger. Essa festa aqui acabou.

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Eu sei que vocês ficarão pensando o mesmo que eu sobre o autor do vídeo.

"Hipster filho da puta..."

Mas não adianta querer atirar no mensageiro.

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Como o unabomber disse no seu manifesto:

"Os meios de comunicação de massa estão em sua maior parte sob o controle de grandes organizações que estão integradas ao sistema. Qualquer um que tenha um pouco de dinheiro pode imprimir algo, pode distribuí-lo na Internet ou de alguma outra maneira, mas seja lá o que diga estará submerso pelo vasto volume de material lançado pelos meios, portanto não terá um efeito prático.
É por isso quase impossível para muitas pessoas e grupos pequenos provocar um efeito na sociedade com palavras. Tomemos o (manifesto) como exemplo. Se não tivéssemos feito nada violento e tivéssemos apresentado os presentes escritos a um editor, provavelmente não seriam aceitos. Mesmo se fossem aceitos e publicados, provavelmente não atrairiam muitos leitores, porque é mais divertido ver o entretenimento lançado pelos meios do que ler um ensaio sóbrio. Mesmo se estes escritos tivessem muitos leitores, a maioria logo esqueceria o que tinha lido porque suas mentes estão atoladas na massa de material exposta pelos meios. A fim de apresentar nossa mensagem ante o público com alguma oportunidade de criar uma impressão duradoura, tivemos que matar gente."


E pelo jeito nem matar gente resolveu. A maioria do público desconhece o manifesto.

Mas tenho que confessar uma coisa, nunca fui grande fã do livro do Palahniuk.

Se há alguma "mensagem anti-capitalista" ou coisa do tipo, ela fica muito mais clara no filme, que eu prefiro mil vezes. O próprio Palahniuk já disse em entrevistas que considera o filme uma versão melhorada do livro.

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Esse cara só fala bem de filmes que eu não gostei.

Clube da Luta eu gostei, embora ache o pessoal do que chamo de "evangelho segundo tyler durden" um bando de retardado querendo pagar de cool.

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Ashura escreveu:
Esse cara só fala bem de filmes que eu não gostei.

Clube da Luta eu gostei, embora ache o pessoal do que chamo de "evangelho segundo tyler durden" um bando de retardado querendo pagar de cool.


O interessante é que o pessoal interpreta o livro, e principalmente o filme, pelo viés errado.

Eles acham que é um tipo de critica a sociedade capitalista à moda comunista de DCE quando na verdade o que o Tyler Durden propõe é praticamente um fascismo.

Os que idolatram o machão Tyler Durden paradoxalmente são os que adoram pagar de feministas e criticar a masculinidade tradicional.

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Essa parada de trailer honesto é o mais SWPL possível.

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Joe escreveu:


Eles acham que é um tipo de critica a sociedade capitalista à moda comunista de DCE quando na verdade o que o Tyler Durden propõe é praticamente um fascismo.




Correção: Tyler Durden é um consumista entediado, efeminado e psicótico, que tem delírios fascistas.

Tyler Durden e Narrador são o mesmo cara.

Tyler (Brad Pitt) é o alter ego foda de um loser (Norton) e não o contrário.

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Rant Casey escreveu:
Joe escreveu:


Eles acham que é um tipo de critica a sociedade capitalista à moda comunista de DCE quando na verdade o que o Tyler Durden propõe é praticamente um fascismo.




Correção: Tyler Durden é um consumista entediado, efeminado e psicótico, que tem delírios fascistas.

Tyler Durden e Narrador são o mesmo cara.

Tyler (Brad Pitt) é o alter ego foda de um loser (Norton) e não o contrário.


Por essa análise então o SWPL seria um fascista enrustido? E seria por isso que vibram com o Tyler/narrador?

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Joe escreveu:
Rant Casey escreveu:
Joe escreveu:


Eles acham que é um tipo de critica a sociedade capitalista à moda comunista de DCE quando na verdade o que o Tyler Durden propõe é praticamente um fascismo.




Correção: Tyler Durden é um consumista entediado, efeminado e psicótico, que tem delírios fascistas.

Tyler Durden e Narrador são o mesmo cara.

Tyler (Brad Pitt) é o alter ego foda de um loser (Norton) e não o contrário.


Por essa análise então o SWPL seria um fascista enrustido? E seria por isso que vibram com o Tyler/narrador?


Não é uma análise sobre o SWPL. Isso seria complicar o que é simples. É uma observação autoevidente sobre o personagem do filme. “Tyler” não propõe nada. Tyler (Brad Pitt) é apenas uma alucinação de Tyler (Ed Norton). E o filme deixa isso suficientemente claro. O filme não é sobre derrubar o sistema, é sobre um cara insone e abilolado. Chuck Palahniuk não escreve sobre heróis, escreve sobre losers e desesperados. “Rant Casey” como personagem é o mais perto que ele chegou até hoje de algum tipo de herói (um anti-herói no caso).

Ver o Narrador separado do Tyler é um erro. É ver apenas metade do filme ou ler metade do livro, fechar, e tomar como conclusão. A conclusão é simples: Tyler, o sujeito alucinado, era apenas um miserável. Lembre-se de que o livro termina com ele não assistindo prédios caírem, mas numa cama de hospício. Provavelmente ele esteve naquela cama durante todo o decurso da narrativa...

O único paralelo que vejo entre o Tyler/Jack/Narrador e o SWPL é um que o livro ou as resenhas jamais fazem: tanto o protagonista quanto a blogueira gorducha possuem essa característica: a de precisar “mudar o mundo” pra conseguir viver nele. Não são anarcas. São pessoas com um profundo senso de impotência e absoluta falta de autodeterminação. No caso da gorducha, movimentos e militâncias. No caso do protagonista do livro/filme, imergir-se num coletivismo de modo livrar-se do Eu (que ele considera impotente e incapaz de se autodeterminar). Uma última comparação poderia ser feita no sentido de que estes, como todos os coletivismos na realidade, necessitam de um inimigo externo para se justificar. Pra uns é uma teoria da conspiração que diz haver um “patriarcado”. Pra outros, propaganda e capitalismo.

E isso serra qualquer vaga semelhança entre Ted Kaczinsky e Clube da Luta. Kaczinsky era um tipo de Super-Homem Nietzscheano encarnado. O personagem de clube da luta, Narrador/Jack/Tyler, era o exato oposto: um tipo de Último Homem, mergulhado em conforto e falta de vontade, de libido (“antigamente víamos pornografia no banheiro agora vemos catálogos”; “eu fodo como você gostaria de foder” etc); em descrença na autodeterminação.

Muitas alusões ao Clube da Luta e ao budismo foram feitas. Que tal essa:

“E o discípulo perguntou ao guru: e se em minhas meditações eu encontrar Tyler Durden?
E o guru respondeu: “Mate-o”.

Amigos invisíveis são recursos normalmente utilizados por crianças, não raro por motivo de solidão ou mecanismo de lidar com traumas e abusos, fantasias de empodeiramento.  Isso é a chave pra psicologia do Narrador e sua relação com Tyler. Todo o discurso do amigo invisível dele não passa de subterfúgio. Impressionante, mas subterfúgio.

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A biografia de Ernst Junger por sua vez é deveras mais interessante.

Passagem pela legião estrangeira; encontrou-se em Paris com conspiradores que tentaram matar Hitler (Rommel incluso); depois da Guerra, no processo de desnazificação da Alemana, remeteu de volta em branco os cadastros e questionários que os Aliados lhe enviaram (como ex militar e intelectual proeminente daquele país) como forma de lhes mandar uma banana...

Jünger, como homem, é provavelmente o Anti-Tyler.

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Rant Casey escreveu:
A biografia de Ernst Junger por sua vez é deveras mais interessante.

Passagem pela legião estrangeira; encontrou-se em Paris com conspiradores que tentaram matar Hitler (Rommel incluso); depois da Guerra, no processo de desnazificação da Alemana, remeteu de volta em branco os cadastros e questionários que os Aliados lhe enviaram (como ex militar e intelectual proeminente daquele país) como forma de lhes mandar uma banana...

Jünger, como homem, é provavelmente o Anti-Tyler.


lamentavelmente puniram o filho dele por "discurso subversivo", e mandaram ele para um front perigoso(não lembro se era contra a Rússia), onde eventualmente morreu. Percebemos Junger se encontrava numa posição extremamente complicada.

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Rant Casey escreveu:

O único paralelo que vejo entre o Tyler/Jack/Narrador e o SWPL é um que o livro ou as resenhas jamais fazem: tanto o protagonista quanto a blogueira gorducha possuem essa característica: a de precisar “mudar o mundo” pra conseguir viver nele. Não são anarcas. São pessoas com um profundo senso de impotência e absoluta falta de autodeterminação. No caso da gorducha, movimentos e militâncias. No caso do protagonista do livro/filme, imergir-se num coletivismo de modo livrar-se do Eu (que ele considera impotente e incapaz de se autodeterminar). Uma última comparação poderia ser feita no sentido de que estes, como todos os coletivismos na realidade, necessitam de um inimigo externo para se justificar. Pra uns é uma teoria da conspiração que diz haver um “patriarcado”. Pra outros, propaganda e capitalismo.


Sim, mas era esse o ponto que queria chegar quando falei que o pessoal interpreta o filme pelo viés errado. Independente do livro/filme ser ou não um "chamado a luta" seja lá contra o que for, os SWPLs não percebem que o "caminho da revolução" que o Tyler/narrador propõe é muito semelhante ao famigerado fascismo que todo mundo adora jogar pedras.

Sem querer entrar em análises profundas da psicologia SWPL, mas esta identificação com o Tyler Durden e a forma como ele quer mudar o mundo na base da porrada reflete o desejo SWPL. O Unabomber fala algo no manifesto sobre a esquerda ter impulsos totalitários que tentam disfarçar de "causas nobres".


Rant Casey escreveu:
E isso serra qualquer vaga semelhança entre Ted Kaczinsky e Clube da Luta. Kaczinsky era um tipo de Super-Homem Nietzscheano encarnado. O personagem de clube da luta, Narrador/Jack/Tyler, era o exato oposto: um tipo de Último Homem, mergulhado em conforto e falta de vontade, de libido (“antigamente víamos pornografia no banheiro agora vemos catálogos”; “eu fodo como você gostaria de foder” etc); em descrença na autodeterminação.


Mas o Kackynski não queria mudar o mundo? Aliás, foi este o motivo pelo qual ele explodiu um monte de gente, tal qual Tyler no filme fez parecido.

Nas cartas e ensaios do Technological Slavery o Kackynsky faz longas dissertações sobre como derrubar o sistema capitalista industrial na porrada. O argumento dele é que, se continuarmos nesse ritmo de degradação ambiental e etc, simplesmente não haverá mais espécie humana dentro de algumas gerações, e que a revolução via violência é a única resposta.

Última edição por Joe em 04/05/15, 09:37 pm, editado 4 vez(es)

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Rant Casey escreveu:
A biografia de Ernst Junger por sua vez é deveras mais interessante.

Passagem pela legião estrangeira; encontrou-se em Paris com conspiradores que tentaram matar Hitler (Rommel incluso); depois da Guerra, no processo de desnazificação da Alemana, remeteu de volta em branco os cadastros e questionários que os Aliados lhe enviaram (como ex militar e intelectual proeminente daquele país) como forma de lhes mandar uma banana...

Jünger, como homem, é provavelmente o Anti-Tyler.


O curioso é que as ideias dele meio que "casam" com Kackynscki.

Jünger usa uma metáfora para explicar sua ideia.

Na historia da novela The Glass Bees , que se passa no futuro, soldados da cavalaria estão desempregados por causa da automação da sociedade. Um amigo do protagonista, ex-soldado, resolve se jogar de um prédio como forma de "protesto".

É assim que Jünger vê a política. No mundo moderno a política se tornou algo tão complexo, com tantas instituições e interesses se articulando, e uma mecanização da sociedade que nos torna insignificantes, que a ação individual na política é tão inútil quanto se jogar de um prédio.

No Manifesto do Unabomber há comentários semelhantes do como a ação individual, principalmente na democracia, tem zero impacto no todo.

O recado de Jünger é claro: se envolver com política é o mesmo que se jogar de um prédio. É um sacríficio em nome de nada.

A solução de Jünger, e nesse ponto ele diverge do unabomber, é ignorar o sistema da mesma forma que o sistema te ignora. Tem uma frase muito marcante no livro que diz: "nesse século a felicidade só é possível se você eliminar de dentro de você qualquer possibilidade de um final feliz".

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Joe escreveu:
Rant Casey escreveu:

O único paralelo que vejo entre o Tyler/Jack/Narrador e o SWPL é um que o livro ou as resenhas jamais fazem: tanto o protagonista quanto a blogueira gorducha possuem essa característica: a de precisar “mudar o mundo” pra conseguir viver nele. Não são anarcas. São pessoas com um profundo senso de impotência e absoluta falta de autodeterminação. No caso da gorducha, movimentos e militâncias. No caso do protagonista do livro/filme, imergir-se num coletivismo de modo livrar-se do Eu (que ele considera impotente e incapaz de se autodeterminar). Uma última comparação poderia ser feita no sentido de que estes, como todos os coletivismos na realidade, necessitam de um inimigo externo para se justificar. Pra uns é uma teoria da conspiração que diz haver um “patriarcado”. Pra outros, propaganda e capitalismo.


Sim, mas era esse o ponto que queria chegar quando falei que o pessoal interpreta o filme pelo viés errado. Independente do livro/filme ser ou não um "chamado a luta" seja lá contra o que for, os SWPLs não percebem que o "caminho da revolução" que o Tyler/narrador propõe é muito semelhante ao famigerado fascismo que todo mundo adora jogar pedras.

Sem querer entrar em análises profundas da psicologia SWPL, mas esta identificação com o Tyler Durden e a forma como ele quer mudar o mundo na base da porrada reflete o desejo SWPL. O Unabomber fala algo no manifesto sobre a esquerda ter impulsos totalitários que tentam disfarçar de "causas nobres".


O pessoal não interpreta "pelo viés errado". Simplesmente identifica a própria fraqueza com a do Narrador, e enche-se de esperança nos mesmo ato impotente de ter "sonhos loucos". Mas a coisa pára por aí.

O que realmente se refletem um no outro é a impotência e falta de autodeterminação. O mais é onanismo idealista.

Joe escreveu:
Rant Casey escreveu:
E isso serra qualquer vaga semelhança entre Ted Kaczinsky e Clube da Luta. Kaczinsky era um tipo de Super-Homem Nietzscheano encarnado. O personagem de clube da luta, Narrador/Jack/Tyler, era o exato oposto: um tipo de Último Homem, mergulhado em conforto e falta de vontade, de libido (“antigamente víamos pornografia no banheiro agora vemos catálogos”; “eu fodo como você gostaria de foder” etc); em descrença na autodeterminação.


Mas o Kackynski não queria mudar o mundo? Aliás, foi este o motivo pelo qual ele explodiu um monte de gente, tal qual Tyler no filme fez parecido.

[/quote]

Os comparei em termos de caráter não de propósito. Kaczinsky queria mudar o mundo porque pensa que o mundo deveria ser diferente. Ele, através da ação, é um produtor de valores, um Ubbermensch.

Já o Narrador, um Untermensch psicótico que, incapaz de agir, cria um amigo imaginário (e cujo filme sugere o tempo inteiro, também de ações imaginárias).

Kaczinsky achava que o mundo deveria ser diferente, fez um plano, e deu cabo.
Narrador cria que o mundo era inóspito pra que pudesse existir pleno (esse "Eu Pleno" sendo Tyler) e esse mundo precisava ser mudado para que ele pudesse existir nele.

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Propensões totalitárias todos têm.

A verdadeira sedução do poder é a de abusar dele. Do contrário o poder seria tedioso.

Vale pra todos.

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Estou tirando o foco "do outro".

A questão aqui pra mim é "porque eu me impressionei por anos com o livro/filme".

Não estou interessado em dissecar as tolices dos SWPL, mas as minhas próprias.

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Rant Casey escreveu:

O pessoal não interpreta "pelo viés errado". Simplesmente identifica a própria fraqueza com a do Narrador, e enche-se de esperança nos mesmo ato impotente de ter "sonhos loucos". Mas a coisa pára por aí.

O que realmente se refletem um no outro é a impotência e falta de autodeterminação. O mais é onanismo idealista.


A questão é mais ver em Tyler Durden o que vc gostaria de ser do que se identificar com o narrador. É como história de super-heroi. Vc não se identifica com Clark Kent, vc gostaria de ser o super-homem (sendo que ambas as ações não são excludentes). Mesmo que o pessoal tenha mais em comum com Clark Kent do que gostariam de admitir, o foco todo está no super-homem. O desejo de ser o super-homem eclipsa a identificação com Clark Kent.

O pessoal se identifica mesmo é com uma suposta potencialidade que enxergam em si próprios, um "eu poderia ser isto", ao ver Tyler Durden comendo a Marla ou o Super-homem salvando a Lois das garras do Lex Luthor.

No caso do filme ele até reforça mais essa coisa de "sonhos loucos" do que o livro, pois no filme o Tyler consegue levar a cabo seus planos de "derrubar o sistema" enquanto que no livro, além do fracasso da empreitada, quem é de fato a dupla personalidade fica ambígua (dá a entender que Tyler Durden seria real e o narrador o amigo imaginário).

Em outras palavras, o filme vende ao espectador uma ideia de "revolta" bem sucedida contra o sistema, algo nas linhas "se eu virar o Tyler as coisas vão dar certo". Já o livro é mais cínico no seu final. O filme Clube da Luta está mais para Matrix (o filme), com um Tyler Durden dando uma de Neo "libertando" todos da matrix, e o livro segue uma abordagem mais tradicional do tipo "não podemos confiar em nada do que foi dito pq o narrador é louco" (esse clichê é velho, apesar do Palahniuk usar bem).

Observe as semelhanças entre Matrix e Clube da Luta. Thomas Anderson (Keanu Reeves) e Jack (Ed Norton) são típicos yuppies que de repente tem sua vidas viradas do avesso. O primeiro descobre que a humanidade foi escravizada por máquinas e que o mundo é uma simulação de computador e que ele tem superpoderes que ninguém mais tem para salvar a humanidade (e ele abandona sua vida "normal" e adota o nome "Neo"). No segundo o protagonista cria um alter ego que faz tudo o que ele gostaria de fazer, mas não tem coragem. Tyler Durden é para Jack o que Neo é para Thomas Anderson.

Será coincidência ambos os filmes terem sido lançados no mesmo ano e terem pontos em comum? Eles parecem refletir um certo zeitgeist dos anos 90.

Rant Casey escreveu:
Estou tirando o foco "do outro".

A questão aqui pra mim é "porque eu me impressionei por anos com o livro/filme".

Não estou interessado em dissecar as tolices dos SWPL, mas as minhas próprias.


Mas parece que vc já respondeu a própria pergunta quando falou sobre "sonhos loucos".

A real é que Clube da Luta em si não tem nenhuma "mensagem original". O filme Eles Vivem, lançado mais de uma década antes, e de onde tirei o meu primeiro nick John Nada, já dizia praticamente o mesmo que Palahniuk.

Alienígenas estão entre nós, e nos controlam com mensagens subliminares em outdoors e revistas. "Consuma", "obedeça as leis", "case e tenha filhos", "assista TV". Tudo uma critica ao yuppie way of life.



O heroi John Nada, um peão de obra, descobre um par de óculos que permite ver através das mensagens subliminares e se une a um grupo rebelde que pretende desmascarar a invasão alienígena.

Clube da Luta nunca me impressionou pq já tinha visto este mesmo discurso numa versão sci-fi uma década antes. Esta sim me impressionou.

Falando por mim, mas creio que tbm sirva ao seu caso no Clube da Luta, Eles Vivem me impressionou pq diz uma coisa que, no fundo, é óbvia, mas justamente por ser tão óbvia é que não percebemos.

É mais ou menos o efeito que ler o NA causa na primeira vez. O que ele fala é um tanto óbvio, mas estamos tão condicionados a pensar apenas dentro de certos valores e crenças adquiridas via condicionamento cultural,  que quando o óbvio é exposto vc fica tipo "uau!".

Mas este trailer honesto tbm não me surpreendeu pq o mesmo comentário foi feito sobre o Eles Vivem. John Carpenter, o cineasta de Eles Vivem, fez um filme de crítica ao capitalismo americano sendo que o próprio cinema é um produto do sistema que ataca. Alguns críticos notaram isso e até ironizaram Carpenter, dizendo "Carpenter fez um filme de critica ao capitalismo enquanto é conduzido numa limousine por Hollywood".

Em suma, não deveria ser uma surpresa que até mesmo as críticas ao sistema sejam mercantilizadas e transformadas em produto de consumo. São comercializadas pq um filme ou livro sozinhos não tem o poder de mudar a realidade. O máximo que eles podem oferecer é uma visão perspicaz sobre a realidade e uma fantasia, através da figura do heroi, de que é possível mudar essa realidade.

Não me leve a mal, mas suspeito que no fundo a razão que levou vc a se impressionar com Clube da Luta (ou eu com Eles Vivem) não difere muito dos SWPLs.

Última edição por Joe em 04/05/15, 11:28 pm, editado 1 vez(es)

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Não levo a mal. É isso mesmo.

Tanto que voluntariamente interpretava o filme de uma forma que não bate sequer com a própria narrativa (nem com o "histórico de personagens do autor", que é não é de heróis).

Quando olhei o filme pela última vez (provavelmente a décima oitava), fiquei com a sensação de não entender porque havia me impressionado: a peça do sistema revoltada contra ele, em momento algum adquire autonomia. Ele não se transcende. Ele não supera esse "sistema".

Em lugar de uma individuação, para uma posterior integração com os outros, ele sai de uma peça anônima no sistema para uma peça anônima num grupo anti-sistema. "Na morte, ganhamos um nome, e o nome é Robert Paulsen" (todos que morrem então recebem o mesmo nome, Robert Paulsen).

Durante o filme ele faz um hai kai sobre abelhas, mas troca a colméia por um formigueiro - sua única mudança é ir pro subterrâneo.

O Narrador/Tyler não se supera, ele sucumbe. Sua labuta para consumo, converte-se em labuta para "destruição" - mas é a mesma labuta, conservando a essência, removido apenas o objeto final. Em ambos os casos, ele conserva-se preso ao processo.

Tome um filme diferente. "Na Natureza Selvagem". Tirando os distúrbios psicológicos, o personagem Alexander Supertramp passa por algo parecido (cortando os cartões de crédito e deixando o dinheiro em casa), e se torna um Wandervoguel (andarilho do mato, movimento surgido na Alemanha no final do século XIX, e provável origem dos proto-hippies, antes da coisa toda virar comercializada como usar calça boca de sino e fumar maconha, eram um tipo de Walden Thoreau).

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Será coincidência ambos os filmes terem sido lançados no mesmo ano e terem pontos em comum? Eles parecem refletir um certo zeitgeist dos anos 90.

Nos anos 90, polêmicas do tipo estavam em moda. Nos EUA, era uma espécie de ressaca do psicodelismo dos anos 70, e "festividade" dos anos 80.

Me parece um sintoma classico de pós-embriaguez, uma ressaca moral, no fundo é um tipo de autobiografia e confissão. Após entorpecer tanto o cerebro e mergulhar em "viagens", o sujeito tenta racionalizar sua condição, e então passa a tentar refletir sobre o papo "tudo é uma bolha, uma ilusão".

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White Witch escreveu:
Será coincidência ambos os filmes terem sido lançados no mesmo ano e terem pontos em comum? Eles parecem refletir um certo zeitgeist dos anos 90.

Nos anos 90, polêmicas do tipo estavam em moda. Nos EUA, era uma espécie de ressaca do psicodelismo dos anos 70, e "festividade" dos anos 80.

Me parece um sintoma classico de pós-embriaguez, uma ressaca moral, no fundo é um tipo de autobiografia e confissão. Após entorpecer tanto o cerebro e mergulhar em "viagens", o sujeito tenta racionalizar sua condição, e então passa a tentar refletir sobre o papo "tudo é uma bolha, uma ilusão".


Então o anarco-dadaísmo precede o eremitismo ou a religiosidade beata?

No futuro todos aqui morrerão velhos beatos.

Última edição por Kenshiro em 05/05/15, 01:27 pm, editado 1 vez(es)

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É só um filme...

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O que quero dizer é, o modo de vida como vocês pregam assemelha-se muito à "festas, putaria e loucura". Quando isso cansar, pra onde a ESA vai? Igrejas ou eremitas? Tudo vai se mostrar uma ilusão? Daí, onde estarão as respostas?

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Kenshiro escreveu:
O que quero dizer é, o modo de vida como vocês pregam assemelha-se muito à "festas, putaria e loucura". Quando isso cansar, pra onde a ESA vai? Igrejas ou eremitas? Tudo vai se mostrar uma ilusão? Daí, onde estarão as respostas?


Anarco-dadaísmo é anti-racionalização só isso rs.

Na cultura americana nos 70 a moda era se drogar, hippies, e todo tipo de experimentalismo psicológico. Anos 80 diminuiram mais o experimentalismo, para uma fase "sabemos o que é bom e o que ruim, vamos aproveitar".

Nos anos 90 é como se essa cultura tivesse ficado de ressaca, e seguiu-se muitos intelectuais fazendo mea-culpa, sairam criticando tudo. Isso também foi somado a crise financeira, onde as pessoas ficam mais defensiva. Olavo mesmo por exemplo, não foge a regra, ex-astrologo, ex-membro de tariqa psicodélica, virou critico da PNL e outras coisas que segundo ele "subvertem a mente".

Nessa onda, seguiu-se alguns críticos da sociedade, num estilo "clube da luta", com os problema descritos pelo Rant.

É o que Evola escreveu naquele post que trouxe aqui no forum, são as racionalizações do homem dentro da crise.

Existencialismo é uma projeção do homem moderno em crise, em vez do homem moderno além da crise.

https://eusouarcaico.forumeiros.com/t703-evola-sobre-existencialismo

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Kenshiro escreveu:
O que quero dizer é, o modo de vida como vocês pregam assemelha-se muito à "festas, putaria e loucura". Quando isso cansar, pra onde a ESA vai? Igrejas ou eremitas? Tudo vai se mostrar uma ilusão? Daí, onde estarão as respostas?


Como assim... "vocês"?

Eu pessoalmente não vivo de festas, putaria, nem loucura. Tampouco prego isso ou outra coisa.

Sou pequeno empresário, pretendo constituir família, gosto de trabalhos manuais, e penso em adquirir e morar num sítio. Não na cabana do Unabomber: um com pomares, estufas, uns bois, etc. Perto da cidade aliás.

Gosto dos amigos e da família por perto, cerveja, churrasco, e meu passatempo mais "excêntrico" depois de fazer mobília e guitarras é atirar num estande (o sítio vai tornar esse hobby ainda mais interessante).

Certamente não fui feito pra uma vida de farra. Sou financiamente responsável demais pra isso, e sofro de horríveis ressacas: ou bebo com moderação, ou bebo um dia e passo seis jurando que nunca mais encosto em cerveja. Nem lembro que gosto tequila tem.

No quesito putaria, já tive meus casos. Sem falsa modéstia, comi uma porrada de mulher. Parei de contar em 2010 e estava nos dois dígitos (mais perto de 100 do que de 0). Disso eu tirei que satisfação sexual vem melhor em relacionamentos onde se cria intimidade. Um namoro com a mulher certa me realiza mais.

Acredito que o que pareça o pessoal pregando um estilo de vida de excessos na realidade, seja que a maioria de nós concorda que é importante se desvencilhar de pressões e vaidades que se convertem em ambições que agregam pouco, e em vez disso, dar valor ao que verdadeiramente importa: viver uma vida rica e boa, qualquer que seja seu entendimento do que isso significa. No meu caso pessoal, é algo quase frugal.

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E sem neurotizar, como botou o White Witch.

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