Grande bobagem é julgar a vida pela sua duração cronológica. O maior homem de todos os tempos morreu aos 33, Alexandre. Seus sucessores, por viverem demais, acabaram como marceneiros ou escribas em Roma. Isso prova que existem aqueles que morrem cedo demais, os que morrem no tempo certo e aqueles que já passaram do tempo de morrer. Entrar e sair de cena é um dom. Buscar a longevidade de Matusalém é lastimável.
Aos que saíram da infância mental (do idealismo religioso, ideológico ou, usando uma expressão GDR, da Matrix), sabem que são raras e fugazes as ocasiões de puro prazer: o que dura mais, uma gozada ou uma enxaqueca? Quantos picolés de morango uma criança vai precisar para superar um abuso sexual? Quanto prazer seria necessário para equilibrar a balança de suplícios?
Mas mesmo assim a dor não é uma objeção à vida, ela só está concedendo o direito de jogar sujo também. Nesse contexto entra o condenável prazer sem merecimento: as drageazinhas, as putas, a pornografia...
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Meu corpo é clinicamente saudável, meus exames de sangue estão melhores do que quando tinha 17 anos. Sempre acordo cedo com um tapa no pé do ouvido (400mg de cafeína) e às vezes faço um ciclo com 500mg de
tribulus, saio de casa mais ligado do que rádio de preso.