Oda Mae escreveu: Concordo com o Marcoasf. E quando falo que está surgindo um ódio contra o rico, não me refiro aos ricos milionários, é o rico comum, aquele que pode ser considerado até classe média alta.
Na visão de alguns, uma pessoa rica não pode ter um dia ruim, ficar com raiva, ter tristeza, ficar revoltada, etc. Se ela tem dinheiro, perde automaticamente o direito de reclamar de qualquer coisa.
A coisa é se declarar comunista quando ficar endinheirado, assim esse povo idiota não te vê como um "coxinha", palavra que virou moda para o verão 2014/ 15.
Olha, tem começado a fazer sentido o discurso do Charles Murray (The Bell Curve) sobre estratificação cognitiva.
Parecem haver dois tipos de pessoas, que podem ser resumidas a: usuários e desenvolvedores. Não falo só no sentido digital, mas no sentido digital seria a pessoa capaz de criar ou dar manutenção num smart phone, e o idiota que é capaz somente de usá-lo. Claro que smartphones não é a única forma de expertise. O que quero dizer é que:
O imbecil moderno se sente em pé de igualdade com quem produz inovação e conhecimento simplesmente pelo fato de conseguir utiliza-la.
Você pode ter trocentas classes sociais, mas no fundo a coisa se encaminha para uma única divisão em dois grupos: os que sabem e criam, os que não sabem e usam. Na idade da pedra seria quem é capaz de lascar uma pedra e fazer uma lança e quem só é capaz de reconhecer seu funcionamento básico e aplicar.
Na sociedade de hoje, a mera aplicação te relega a uma posição subalterna na economia. De todo aparato industrial e tecnológico, o operador é o nível mais baixo. O desenvolvedor goza e prestígio econômico seja pela demanda sobre si, quanto pela recompensa que recebe.
Isso é, não estou falando da classe mercante, que obtém seus rendimentos mediante a troca de produtos, porque isso é um nicho de pouca mobilidade: aqui para se fazer capital, é preciso ter capital.
Excluída essa hipótese é necessário ser objetivamente útil numa economia industrial fortemente influenciada pelo diferencial competitivo, entre os quais um dos mais importantes é a inovação: é um ambiente para desenvolvedores, não para usuários.
Para o operador do sistema, o usuário, o peão (de fábrica ou peão de escritório) os meandros do processo criativo e suas intrincacidades técnicas são um enigma. Ele não compreende, e não supõe da onde vem a diferença entre ele próprio e seu primo rico. Desconhecendo por completo o talento do primo rico, ele só pode supor que isso é um engano do destino, afinal julgando pelos termos que ele compreende, a diferença humana entre os dois se resume ao seu caráter - e o outro só pode ser um cuzão por lhe impor sofrimento às suas ambições e inveja dado o seu sucesso.