Roberto Apagadao escreveu: Joe escreveu:
Haja saco pra ler isso ae, ein?prefiro ficar olhando pra parede.
Eh engracado como esses movimentos progressistas tendem a se tornar cada vez mais especificos:antes o lance era feminismo;agora, eh feminismo negro; doravante sera feminismo negro cujos seguidores serao pessoas q colocam o arroz em cima do feijao...
Vejo nisso antes um calcanhar de Aquiles de movimentos supostamente progressistas: a recorrência do nacionalismo, no caso em questão o africano (mas poderia ser qualquer outro desde que não seja Europeu, caso o contrário os progressistas notam o "bug" no sistema).
O progressismo consegue até certo ponto acomodar em seu seio movimentos identitários com o ideal progressista de "Um mundo, uma sociedade, sem distinções", sob a pretensa de que os movimentos identitários são necessários num primeiro momento para que haja mobilização. Em parte, isso não conflita tanto assim, porque certos movimentos e sentimentos comunitários tendem a perder tração conforme metas progressistas são atingidas (exemplo: com o avanço do feminismo, muitas mulheres não vêem mais necessidade de suas vertentes radicais e enxergam mais um papel de vigilância por direitos conquistados do que uma necessidade de revolução, para eterno ressentimento da militância).
Eventualmente até o movimento gay vai procurar se assimilar.
Porém... uma coisa são movimentos identitários que compartilham mais semelhanças do que diferenças socioeconômicas com o "mainstream" (as pessoas que cagam pra isso). Qualquer possibilidade de "chauvinismo" feminino, gay, trans, gordo, etc, se dissipa nas relações diárias pela forma como a pessoa se insere em redes de solidariedade e satisfação mútua de necessidades com o restante da sociedade. Por feminista que seja uma mulher, ela se apazigua com seu pai se ele faz vista grossa para alguns de seus comportamentos, e continua abrindo a carteira para lhe bancar os estudos e alguns luxos.
O buraco é um pouco mais embaixo com chauvinismos étnicos e religiosos. Aqui entra o "bug" que serra o galho onde as premissas do progressismo se sentam. Elas são fundamentalmente anti nacionalistas em seu projeto para a humanidade.
Mas ocorre que comunitarismo étnico (nacionalismo) e religioso, se calcam em diferenças históricas mais fortes, mais persistentes, mais genuínas até, e seu potencial vai muito além de uma troca de insultos entre gays e heteros: quando nacionalismo e religião entram em competição com grupos concorrentes, os ânimos são muito mais inflamados pelos motivos já expostos, e é de fato possível uma escalada violenta, como se observa corriqueiramente no mundo.
Nesse contexto, o "desafiar o poder hegemônico" (aquela força que pode significar uma bala na testa se um chinês Manchu resolve enfrentar o governo Han) através de mobilização em torno de linhas étnico-religiosas não possui deterrentes como "outros níveis de semelhança". Em outras palavras, se um sexo se une em torno de uma causa social, ele mesmo assim retém muito mais semelhanças (étnicas, sócio econômicas, etc) com seus "rivais" (se feminista, a mentalidade masculina) do que diferenças. Os níveis de semelhança são muito menores em casos de antagonismo religioso e étnico, ou ainda que sejam grandes estas semelhanças, as diferenças são ainda MUITO visíveis, e não vão para a gaveta mental tão rápido quanto nos outros casos.
A feminista ou o homossexual muitas vezes partilham um lar com seus "antagonistas" (pessoas da cultura hegemonica). Em sua relação diária, seu identitarismo é paulatinamente posto de lado em razão de necessidades imediatas. Esse antagonismo é diluído.
O negro, ou curdo, e assim por diante, bate o cartão da firma e sai da "grande sociedade" para a "pequena sociedade", sua família, onde encontrará em grande parte pessoas mais como a si mesmo, tendo um senso mais agudo de "nós e eles".
Eventualmente, dentro do grande esquema do progressismo, este tipo de solidariedade mais alicerçada significa formas de associação que podem ser antagônicas ao próprio progressismo (ie: comunitarismos nacionalistas) e fissuras que o progressismo tem como meta apagar, ficam muito aparentes, e podem até ser reforçadas caso o indivíduo seja forçado a tomar um lado: a negra feminista vai se lembrar que é mais negra do que feminista, e que longe das feministas não estará sozinha: estará com os seus. Não é prejudicial para ela uma cisma: ela pode reforçar seu identitarismo ao romper com segmentos progressistas em prol de um nacionalismo, luxo o qual a feminista branca não pode se dar: se rompe com o feminismo, lhe resta apenas a "cultura antagônica" como opção.
Ou dizendo de forma mais simples: no seu método de mobilizar movimentos identitários, e tentar arregimentar um número grande o bastante para enfrentar a cultura hegemônica, o progressismo termina por fazer aliados que, uma vez unidos entre si, não irão necessariamente identificar-se com o restante do coletivo progressista o bastante para terem lealdade incondicional.
Nacionalismos são tão inclusivos quanto são exclusionários. Por isso o progressismo o detesta. E por isso que eventualmente, em movimentos identitários étnico-religiosos, esses nacionalismos eventualmente mordem a mão que lhes fomentou.
A força de atração negro-negro num movimento nacionalista é maior do que a força de atração negro-branco no grande quadro do mosaico do progressismo. E é de fato uma pedra no sapato dos progressistas, que estão acostumados a abominar o nacionalismo branco, e se vêem forçados, coagidos ou constrangidos a fazer vista grossa a outros nacionalismos sob pena de, ao notar a fissura, apontarem para o elefante na sala e precipitarem uma cisma.
A feminista branca não tem medo de ser exilada pelos seus convivas brancos "não-feministas". Mas não pode sob hipótese alguma admitir que não tem apelo algum para nacionalistas negros enquanto não atender a suas demandas, ainda que se tornem crescentemente unilaterais.
A "interseccionalidade" dos movimentos progressistas é frágil quando lida com nacionalismo etnico e religioso, e qualquer apelo do SWPL para que o negro seja menos negro e mais SWPL, ou mais progressista em primeiro lugar... apenas fornece mais uma razão para que o "aliado" nacionalista fortaleça seu vínculo interno em prejuízo do projeto progressista.
***
Próximo capítulo: nacionalismos "mestiços", por pertencerem 50% à cultura "hegemônica", poder-se-ão ver-se como uma cultura em seu próprio direito; ou, ainda, "perdoarem" o "50% mau" em si mesmos e nos outros. No primeiro caso, o SWPL perde aliados; no segundo, ainda por cima ganha um potencial adversário.
hehehe
VIVA O NACIONALISMO CABOCLO!
O mestiço de branco e índio tem uma história própria.
Descubra um parente índio e faça parte desta.
O Pontifex lhes dá as boas vindas. heheheh