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Fórum para homens a moda antiga


descriptionO Código dos Homens é o Código da Gangue EmptyO Código dos Homens é o Código da Gangue

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Quando se diz a um homem que seja homem, isso significa que há um modo de ser homem. Homem não é só uma coisa em que a gente se torna; é também um modo de ser, um percurso a seguir, um modo de agir. Alguns tentam atribuir ao conceito de masculinidade todos os sentidos possíveis, enquanto outros não veem nele nenhum sentido em especial. Ser bom em ser homem não é uma coisa que encerre todos os sentidos, mas ela nunca deixou de fazer sentido.

A maioria das tradições encara a masculinidade e a feminilidade como opostos complementares. Não seria incorreto dizer que masculinidade é aquilo que a gente acha menos feminino e feminilidade, o que a gente acha menos masculino—mas essa afirmação não nos diz muito sobre o Código dos Homens.

Moças e rapazes não formam pares assim que nascem e saem correndo para viver juntinhos numa caverna úmida. Os seres humanos sempre foram animais sociais, vivemos em grupos cooperativos. Nossos corpos nos classificam no grupo dos machos ou das fêmeas. Interagimos socialmente no papel de membros de um grupo ou de outro. Esses grupos não são arbitrários ou culturais, mas básicos e biológicos. É como machos que os machos têm de negociar com o grupo dos machos e das fêmeas. O que distingue um macho não é apenas sua reação às fêmeas, também a outros machos reagimos como machos. Sermos quem somos tem tudo a ver com a forma como nos vemos em relação a outros machos, na qualidade de membros do grupo dos machos.

Um homem não é meramente um homem, mas um homem entre homens num mundo de homens. Ser bom em ser homem tem a ver com a capacidade de obter sucesso com outros homens, no contexto de grupos de homens, mais que com a relação que se mantém com uma mulher ou grupo de mulheres. Quando se diz a um homem que seja homem, o que se está pedindo é que ele seja mais parecido com outros homens, mais parecido com a maioria dos homens, e, de preferência, mais parecido com aqueles homens que outros homens tenham em grande estima.

As mulheres se julgam capazes de melhorar os homens ao relacionar a masculinidade àquilo que esperam dos homens. Os homens desejam que as mulheres os desejem, mas a aprovação feminina não é a única coisa que interessa a eles. Ao disputarem prestígio uns com os outros, o que os homens estão disputando é a aprovação uns dos outros. Historicamente, as mulheres que os homens julgam mais desejáveis sentem atração por—ou são alvo das pretensões de—homens temidos ou reverenciados por outros homens. Quase sempre, a aprovação feminina é uma consequência da aprovação masculina.

A masculinidade diz respeito a ser homem no contexto de um grupo de homens. Acima de tudo, a masculinidade diz respeito ao que os homens esperam uns dos outros.

Se o Código dos Homens parece confuso, é porque há muitos grupos diferentes de homens que esperam dos outros homens muitas coisas diferentes. Aqueles homens a quem o dinheiro e o poder conferiram uma posição sólida sempre quiseram que os homens acreditassem que ser homem diz respeito a obrigações e obediências, ou que se possa dar prova de masculinidade obtendo dinheiro e poder pelos meios tradicionais. Já os homens identificados com as religiões e as ideologias sempre quiseram que os homens acreditassem que ser homem constitui um esforço espiritual ou moral, e que se possa dar prova de masculinidade através de vários métodos de autocontrole, abnegação, autossacrifício ou evangelismo. E os homens que têm algo a vender sempre quiseram que os homens acreditassem que se possa dar prova de masculinidade, ou que se possa aperfeiçoá-la, desembolsando algum trocado.

Numa tribo unida, dotada de um inabalável senso de identidade própria, percebe-se certa harmonia entre os interesses dos grupos masculinos—e o Código dos Homens parece escrito em linhas razoavelmente retas. Numa civilização complexa, cosmopolita, individualista, desunida, amontoada de identidades insubstanciais, feitas com um pouco de cada coisa, o Código dos Homens torna-se indistinto. A conduta preconizada pelos homens ricos e poderosos se confunde com a de gurus e ideólogos, e tamanha é a desordem em que estas se misturam aos badulaques masculinos oferecidos pelos mercadores que não é tão difícil perceber por que dizem que o sentido da masculinidade pode ser qualquer coisa, todas as coisas ou coisíssima nenhuma. Somando-se a isso as “melhorias” sugeridas pelas mulheres, daí o Código dos Homens vira uma orientação indecifrável para se chegar a uma sucata de ideais.

Para entender quem são os homens, o que há de comum entre eles e por que eles se esforçam em provar seus méritos uns aos outros, basta reduzir os grupos masculinos a sua forma nuclear. Civilizações difusas, complexas, constituídas de milhões de pessoas, são um fenômeno relativamente novo para os homens. Ao longo da maior parte de sua existência neste planeta, eles se organizaram em pequenos bandos, lutando para sobreviver num ambiente hostil, disputando mulheres e recursos com outros bandos de homens. Entender como os homens reagem uns aos outros impõe que se entenda sua unidade social mais básica. Entender o que os homens esperam uns dos outros exige que se entenda do que eles mais frequentemente necessitam uns dos outros, e que se perceba como essas necessidades forjaram a psicologia masculina.

Livre de veleidades morais e despida das características locais, a masculinidade em estado bruto, que todo homem reconhece instintivamente, tem a ver com ser bom em ser homem no contexto de uma reduzida gangue de homens, prontos a combater pela sobrevivência.

O Código dos Homens é o Código da Gangue.



Tradução: Luiz Otávio Talu



Este é um trecho do livro “O Código dos Homens”, escrito por Jack Donovan. Adquira o seu neste link: http://www.livrariacultura.com.br/p/o-codigo-dos-homens-42892888

http://editorasimonsen.com.br/2015/07/o-codigo-dos-homens-e-o-codigo-da-gangue/

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Minhas congratulações ao Sr Donovan, e que - agora mais acessíveis - suas idéias inspirem.

Sem deixar de mencionar o trabalho de divulgação de nossa Stella junto à juventude, trabalho este que ela tomou para si sem ser pedida, e sem temer represálias.

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