Tributo a Bolsonaro:
Trata-se, com efeito, da visão de mundo de um homem que vai decididamente de encontro ao caráter utilitário, pragmático e 'quantificável' da modernidade, em nome dos valores perenes d'uma Ordem transcendente, atemporal. É, portanto, a contraposição essencial, transfigurada em conflito político, entre a dimensão contingente, transitória, cambiável e finita do TEMPO e a esfera necessária, permanente, imutável e infinita da ETERNIDADE; ou então, nos termos d'uma belíssima declaração do líder taliban, Mullah Omar ("Não tememos a morte, pois já estamos mortos; assim sendo, combatemos no Tempo, mas vivemos na Eternidade"), do confronto entre 'guerreiros santos' sublimados pela lux aeterna da Tradição, e vacilantes 'homens ocos' (apud TS Eliot) sob a égide do materialismo espiritual do Ocidente contemporâneo, seres avessos ao substrato mítico e religioso que lastreia seus alicerces históricos e culturais, em ruptura flagrante com as raízes mais atávicas de sua própria existência.