Rant Casey escreveu:
No caso em questão falavamos sobre pornografia. O assecla em questão me dizia que a mulher não gosta do sexo em si, porque... hum... pra elas o sexo é sobretudo contexto. Ao que lhe respondi que para o homem também é contexto, ele importa. O ananá-do-mato me retorquiu que não - que a "pornografia para mulher" tinha uma historinha e a do homem não.
Não tem? Claro que tem. Uma gostosa chega num posto pra abastecer e dá pro frentista hiper-masculino (seja um peludo de porn-stache, ou um bombadão). Para o camarada em questão, isso era absoluta ausência de contexto e subjetividade, apenas o sexo per se. Tentei recorda-lo de que o homem não é acostumado a ser desejado de modo abrasivo, primal, e de modo geral tende a crer que é desejado apenas pelo que proporciona, não por "si mesmo, como é". Então a pornografia masculina conta uma historinha em que uma mulher atraente o deseja somente pela sua masculinidade, pela sua potência - seja ele um frentista, não importa, ela só consegue ver o macho ali e dispensa o resto todo, sua atração é primal e irracional.
Pornografia não é homogênea.
Antigamente filmes pornô tinham histórias (algumas até boas e com fundamento), principalmente os dos anos 70, até que com a chegada do VHS esse perfil mudou. Os produtores se deram conta do óbvio: homens não ligam para a história.
Atualmente muitos filmes sequer tem enredo. São apenas coletâneas de cenas de foda uma atrás da outra sem contexto nenhum. Não tem homem vestido de frentista, mulher vestida de madame, não há nada (sequer há diálogos). Alguns diretores, como
Rex Borsky, fizeram carreira com esta abordagem.
O ponto: o "contexto" é dispensável para a excitação masculina. Um homem pode se excitar vendo tanto o pornô com a historinha do frentista quanto com os filmes do
Rex Borsky. Na melhor das hipóteses, o contexto é apenas um opcional.
Ironicamente, isto tem incomodado até os envolvidos com a indústria pornô. O ator e diretor Mike Horner, decano do pornô dos EUA, já declarou um degosto com a falta de interesse do público atual pelo pornô mais sofisticado, com enredo e diálogos melhor elaborados. Aqui no Brasil o Walter José (diretor pornô e amigo da Stella) também vivia criticando a indústria pornô (nacional e internacional) pelo mesmo motivo de Mike Horner e culpava os produtores por jogarem no público o material de qualidade duvidosa de sempre. O discurso deles chega quase a ser feminista, só faltando acusar a abordagem atual (diretor leva casal ou um monte de gente para o motel/casa alugada e os filma transando) de misoginia.
Mas aí entra num dilema tostines: o público que vê pornô o vê porque os produtores não oferecem um pornô com maior requinte ou os produtores oferecem o pornô "casal(ou um monte de gente) fodendo no motel/casa alugada" porque é isso que o público quer?
De qualquer forma, isso não anula o fato do contexto no pornô ser facultativo para os homens. Quem duvida, abra o tubegalore e confira por si próprio.
Eu canso de dizer que você não pode medir os homens tomando você como medida. Você é uma anomalia no continuum do espaço-tempo.
Ademais, você não entendeu o ponto principal. Um homem desejar que uma mulher sinta tesão apenas por sua masculinidade não é uma "historinha". É apenas a expressão de um desejo. Assim como é a expressão de um desejo sexual querer fazer sexo com duas mulheres ao mesmo tempo. O homem não precisa de uma historinha para transar com duas mulheres ou fantasiar com isso. Precisa apenas de duas mulheres dispostas a dar para ele (ou uma imagem de
duas gostosas que sirva como material punhetístico), tanto que homens procuram puteiros para saciar essa vontade (meu amigo lenda viva cafa fez isso duas vezes: uma em puteiro e outra com umas doidas que conheceu) e estão pouco se lixando para contexto.
O contexto
pode ajudar a tornar a fantasia masculina excitante, mas os filmes do Rex Borsky provam por si só que isso é
apenas um acessório dispensável, não sendo peça fundamental para a excitação masculina de uma forma geral (excluo aqui fetichistas, tipo cara que sonha em transar com mulher vestida de nazista, essas coisas, falo do homem bem "comum" mesmo).
Na mulher, ao contrário, faz toda a diferença o homem ser um executivo ou um mendigo.
Quando feministas falam que o homem "objetifica" a mulher, não deixa de ter um fundo de verdade. O sujeito que assiste Rex Borsky ou abre uma revista de mulher pelada qualquer, ou apenas olha para uma gostosa na rua, e depois bate uma em casa, não pensa na mulher em termos de um ser humano com ideias e personalidade própria. Para ele a mulher naquela imagem,
naquele momento, não passa de uma boneca inflável mais sofisticada (uma ginoide?) cujo único propósito é apenas satisfazer sua líbido. Se homens não fossem capazes de transformar o sujeito em objeto os puteiros e a indústria pornô já teriam falido, ou no mínimo seriam bem diferentes do que conhecemos hoje.
Aqui entra outro giro nessa história. Se por um lado, o homem deseja que a mulher sinta tesão apenas pela sua masculinidade em si, por outro ele consegue se desligar disso na hora de fantasiar ou ir em puteiro, ou mesmo fazer sexo casual. Em outras palavras, ele consegue
cagar e andar para o que a mulher deseja, se ela deseja ele ou não, e pensar na mulher em apenas como algo a
ser consumido. Como um glutão que olha um pedaço de carne no açougue e pensa "tenho que fazer um churrasco dessa carne" e está pouco se lixando se aquela carne foi um ser vivo um dia ou se a vaca quer ser assada e comida por ele.
Por essa linha de pensamento, pode-se dizer que o que atrai o homem a pornografia é que, na pornografia, ele tem absoluto controle sobre sua satisfação sexual. Não precisa pedir permissão ou tentar agradar para conseguir o que quer.