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Fórum para homens a moda antiga


descriptionAutor critica a "bundamolização" da literatura brasileira  EmptyAutor critica a "bundamolização" da literatura brasileira

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"A literatura brasileira que nós temos hoje é feita por uma classe média para uma classe média. Essas pessoas nunca colocaram os pés em uma delegacia, e se colocaram, viram uma polícia que não existe. Nosso policial é um cara pobre, mal educado e mal formado, e isso humilha ao saber que nossa vida depende desse cara," desabafa.

Franchini também não poupa críticas à literatura brasileira, cada dia mais umbiguista e mais centralizada em uma classe que pode se dar o luxo de escrever sobre si mesma. "Acho que nossa literatura é muito bunda mole," analisa. "O cara só sabe falar sobre o umbigo dele, [...] e quando eles escolhem em falar isso, fecham os olhos para o que está ao redor. Você acha que a grande periferia vai querer ler sobre o cara da classe média que o pai cobra que ele faça Medicina, mas ele sempre quis fazer artes plásticas? Vai tomar no cu! [...] Acho um absurdo quando falam que o brasileiro não gosta de ler, na verdade é o escritor que não consegue manter um diálogo com ele. Essa divisão entre rico e pobre é tão grande que também reflete na simpatia entre eles. O autor está só fazendo história para ele e para os amigos deles. Os livros deles são ignorados na periferia, um público de milhões louco para ler, e isso não interessa para eles. O escritor deve se dar conta que ele não é um Deus, ele não tem um talento supremo. Ele tem que aprender a dialogar com o resto das pessoas."

http://www.vice.com/pt_br/read/roger-franchini-responsavel-pelo-melhor-da-literatura-policial-brasileira-atual?utm_source=vicefacebr

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Esse papo de como a tal da classe média é demoníaca tende a se espalhar agora.

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Ashura escreveu:
Esse papo de como a tal da classe média é demoníaca tende a se espalhar agora.


Pois é.

Mas eu até concordo em partes com o autor.

O lance é que ele não saca que o problema não está na classe média olhar para o próprio umbigo.

Pela lógica dele, uma autor francês que escreve sobre sua vida nas ruas de Paris está olhando para o próprio umbigo tanto quanto a classe média que ele critica.

O problema é que a classe média não sabe olhar para a realidade com olhar crítico. O que eles chamam de "critica" no fundo é o senso comum SWPL, o qual ironicamente o Franchini faz parte ao falar mal da classe média.

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"O que eles chamam de "critica" no fundo é o senso comum SWPL, o qual ironicamente o Franchini faz parte ao falar mal da classe média."

Bingo.

E na verdade a classe média SWPL por regra é a classe média alta, o popular "bem de vida". Tem muito classe média, em especial classe média baixa que é apenas o pobre com um pouco mais de dinheiro.

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São rara análises decentes sobre classe média, ainda mais na lingua portuguesa, na maior partes dos textos, classe média é "genérico" um espantalho, para simbolizar tudo que o cara não gosta. No fundo ele não sabe de que grupo social tá falando, ele junta tudo o que ele não gosta e joga no "classe média".

A consequência de se criar um espantalho, com bases em perpecpções subjetivas, é que no final, não vai existir nada no mundo real, que seja parecida com ele, afinal é uma criatura criada na sua cabeça.

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Joe escreveu:
Ashura escreveu:
Esse papo de como a tal da classe média é demoníaca tende a se espalhar agora.


Pois é.

Mas eu até concordo em partes com o autor.

O lance é que ele não saca que o problema não está na classe média olhar para o próprio umbigo.

Pela lógica dele, uma autor francês que escreve sobre sua vida nas ruas de Paris está olhando para o próprio umbigo tanto quanto a classe média que ele critica.

O problema é que a classe média não sabe olhar para a realidade com olhar crítico. O que eles chamam de "critica" no fundo é o senso comum SWPL, o qual ironicamente o Franchini faz parte ao falar mal da classe média.


Hummm... mas se ele está falando sobre romances policiais... penso que ele está falando em a) falta de pesquisa ou "draft" ou b) experiência direta com o tema; resultando em livros rasos. Não me parece que o problema que ele elenca é falar da própria experiência - mas convenhamos que uma pessoa mais protegida da sujeira, usar a própria experiência pra escrever sobre a sujeira (e delegacia é o esgoto do mundo), resulta certamente numa coisa muito bundamole de se ler.

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O texto do link é uma merda.

Não há diploma de advogado. Policiais integram a classe média (classe média é qualquer coisa que esteja entre os pobres -- coisa que servidores públicos, policiais inclusive, não são -- e os ricos). O próprio ex-policial escreve sobre ele mesmo (e há a crítica sobre a tal classe média escrever sobre si mesma...).*

A divisão entre ricos e pobres é retardo mental cripto-marxista. 75% da população brasileira ou é analfabeta ou é analfabeta funcional. Um país assim lerá pouco. Sem contar que é mais comum a transmissão de histórias oralmente (se falada, rimada ou cantada, tanto faz) por aqui.

Há o fetiche por transformar a polícia em um antro de celerados. Esse tipo de projeção fala mais sobre o projetor do que sobre o projetado. As polícias não são congregações de santos, são corporações cheias de pessoas que lidam com o pior da sociedade, são a latrina do mundo. Daí a ser "uma instituição naturalmente corrupta" é um abismo.

A impressão que dá é que esse cara é só (e seu entrevistador) mais um intelectual orgânico a soldo tentando desmoralizar (ainda mais) as polícias.

-----

*Sem contar que todos os usuários deste fórum estão, no mínimo, no patamar aquisitivo da classe média.

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Rant Casey escreveu:
Joe escreveu:
Ashura escreveu:
Esse papo de como a tal da classe média é demoníaca tende a se espalhar agora.


Pois é.

Mas eu até concordo em partes com o autor.

O lance é que ele não saca que o problema não está na classe média olhar para o próprio umbigo.

Pela lógica dele, uma autor francês que escreve sobre sua vida nas ruas de Paris está olhando para o próprio umbigo tanto quanto a classe média que ele critica.

O problema é que a classe média não sabe olhar para a realidade com olhar crítico. O que eles chamam de "critica" no fundo é o senso comum SWPL, o qual ironicamente o Franchini faz parte ao falar mal da classe média.


Hummm... mas se ele está falando sobre romances policiais... penso que ele está falando em a) falta de pesquisa ou "draft" ou b) experiência direta com o tema; resultando em livros rasos. Não me parece que o problema que ele elenca é falar da própria experiência - mas convenhamos que uma pessoa mais protegida da sujeira, usar a própria experiência pra escrever sobre a sujeira (e delegacia é o esgoto do mundo), resulta certamente numa coisa muito bundamole de se ler.


Apesar de experiência direta com o tema ser útil, ela não é imprescindível. O alemão Karl May escreveu elogiados western sem nunca ter vivido naquela época. Por outro lado, ele fazia intensa pesquisa sobre o assunto o qual escrevia.

A real é que o problema de que ele está reclamando não é da verossimilhança. A moda intelectual literária é "falar do outro". Ou seja, escreva sobre qualquer coisa que não a visão do "homem heterossexual branco" que isso, num passe de mágica, é "boa literatura".

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Bem, não sei se ele quis falar isso mas se expressou errado, mas eu estava vendo a opinião d'um autor que tratava-se justamente sobre esse tema, mas que ao invés de literatura, dizia respeito aos quadrinhos. Ele falou que os quadrinhos nacionais não vão pra frente porque o quadrinhista nacional é um nerd crescido, então ele não vai fazer uma história para o público, sim pra ele mesmo -- projetando os seus gostos e as suas vontades em seus quadrinhos, criando um produto altamente particular, quando não plagiado ou sem originalidade, por tratar-se apenas de uma concha de retalhos "do que o autor gosta e lê". E os gringos não fazem isso, pelo contrário, justamente por sua formação capitalista e competidora, eles têm o insight de conseguir captar o ethos do público. Por exemplo, por que deu certo o Homem-Aranha? Porque o Stan Lee entendeu que os quadrinhos eram lidos por nerds, então criou um herói nerd (coisa inédita até então) e, assim, conseguiu fazer com que o seu público se identificasse com ele -- dialogando então com os leitores.
Talvez ele não tenha querido falar especificamente sobre policiais, periferia e SWPL, mas não tenha conseguido se expressar. Digo, não sei como é o cenário da LITERATURA, mas aquela história de zombies onde o Lula morde a Dilma que o Joe postou aqui me faz crer que não é tãaaaaaaaaaaaaaao diferente assim. Lendo o texto, entendi que ele quis dizer que a "classe média" (aqui, realmente, usada como espantalho) aborda apenas os seus problemas e neuras particulares na literatura, mas não faz o exercício de conseguir captar o ethos do tempo e, assim, escrever algo que consiga conversar com todo mundo. De resto, concordo, esse papo de periferia é bullshit e wishful thinking.

Queria uma opinião do Joe a respeito, visto que ele realmente está dentro desse mundo.

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Kenshiro escreveu:
Bem, não sei se ele quis falar isso mas se expressou errado, mas eu estava vendo a opinião d'um autor que tratava-se justamente sobre esse tema, mas que ao invés de literatura, dizia respeito aos quadrinhos. Ele falou que os quadrinhos nacionais não vão pra frente porque o quadrinhista nacional é um nerd crescido, então ele não vai fazer uma história para o público, sim pra ele mesmo -- projetando os seus gostos e as suas vontades em seus quadrinhos, criando um produto altamente particular. E os gringos não fazem isso, pelo contrário, eles têm o insight de conseguir captar o ethos do público. Por exemplo, por que deu certo o Homem-Aranha? Porque o Stan Lee entendeu que os quadrinhos eram lidos por nerds, então criou um herói nerd (coisa inédita até então) e, assim, conseguiu fazer com que o seu público se identificasse com ele -- dialogando então com o seu público.
Talvez ele não tenha querido falar especificamente sobre policiais, periferia e SWPL, mas não tenha conseguido se expressar. Digo, não sei como é o cenário da LITERATURA, mas aquela história de zombies onde o Lula morde a Dilma que o Joe postou aqui me faz crer que não é tãaaaaaaaaaaaaaao diferente assim. Lendo o texto, entendi que ele quis dizer que a "classe média" (aqui, realmente, usada como espantalho) aborda apenas os seus problemas e neuras particulares na literatura, mas não faz o exercício de conseguir captar o ethos do tempo e, assim, escrever algo que consiga conversar com todo mundo. De resto, concordo, esse papo de periferia é bullshit e wishful thinking.

Queria uma opinião do Joe a respeito, visto que ele realmente está dentro desse mundo.


No geral vc está correto.

Meu adendo é que não é apenas uma questão de captar um ethos de sua época, mas oferecer um ponto de vista pessoal sobre esse ethos.

Ernst Jünger é um exemplo: ele pegou um ethos do tempo dele, o totalitarismo, e expos seu ponto de vista a respeito.

Sobre quadrinhos nacionais, acho que não vão para frente pelo mesmo motivo que a literatura: brasileiro tem complexo de vira-lata e acha que o estrangeiro é sempre melhor que o nacional.

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Joe escreveu:
Kenshiro escreveu:
Bem, não sei se ele quis falar isso mas se expressou errado, mas eu estava vendo a opinião d'um autor que tratava-se justamente sobre esse tema, mas que ao invés de literatura, dizia respeito aos quadrinhos. Ele falou que os quadrinhos nacionais não vão pra frente porque o quadrinhista nacional é um nerd crescido, então ele não vai fazer uma história para o público, sim pra ele mesmo -- projetando os seus gostos e as suas vontades em seus quadrinhos, criando um produto altamente particular. E os gringos não fazem isso, pelo contrário, eles têm o insight de conseguir captar o ethos do público. Por exemplo, por que deu certo o Homem-Aranha? Porque o Stan Lee entendeu que os quadrinhos eram lidos por nerds, então criou um herói nerd (coisa inédita até então) e, assim, conseguiu fazer com que o seu público se identificasse com ele -- dialogando então com o seu público.
Talvez ele não tenha querido falar especificamente sobre policiais, periferia e SWPL, mas não tenha conseguido se expressar. Digo, não sei como é o cenário da LITERATURA, mas aquela história de zombies onde o Lula morde a Dilma que o Joe postou aqui me faz crer que não é tãaaaaaaaaaaaaaao diferente assim. Lendo o texto, entendi que ele quis dizer que a "classe média" (aqui, realmente, usada como espantalho) aborda apenas os seus problemas e neuras particulares na literatura, mas não faz o exercício de conseguir captar o ethos do tempo e, assim, escrever algo que consiga conversar com todo mundo. De resto, concordo, esse papo de periferia é bullshit e wishful thinking.

Queria uma opinião do Joe a respeito, visto que ele realmente está dentro desse mundo.


No geral vc está correto.

Meu adendo é que não é apenas uma questão de captar um ethos de sua época, mas oferecer um ponto de vista pessoal sobre esse ethos.

Ernst Jünger é um exemplo: ele pegou um ethos do tempo dele, o totalitarismo, e expos seu ponto de vista a respeito.

Sobre quadrinhos nacionais, acho que não vão para frente pelo mesmo motivo que a literatura: brasileiro tem complexo de vira-lata e acha que o estrangeiro é sempre melhor que o nacional.


Concordo contigo, a visão particular do autor é importante pra caralho e é ela que faz a obra original. Ela que dá carne ao esqueleto.
Mas bem, quanto aos quadrinhos, não é somente isso, porque alguns autores aqui já conseguiram publicar nos EUA ou Europa, mas poucos decolaram. O quadrinhista que eu tinha falado antes disse que, junto à mentalidade vira-lata, um dos maiores problemas do mercado nacional também é a qualidade de nossos produtos, que em geral são bem baixas. Como um exemplo vivo posso usar o Penitente. Personagem bonito, bem desenhado, mas a história e o conceito dela nada mais são do que um control c + v de histórias de vingança como O Corvo e Justiceiro, que já tiveram o seu sucesso a muito tempo. O personagem é praticamente uma encarnação "do que o autor gosta". Então por que o consumidor iria comprar um "justiceiro pirata", podendo ter o original? As histórias dele podem até ser melhores do que as do Justiceiro, mas não deixa de ser uma espécie de cover, então o povo nem chance dá. Diz o sujeito então que o quadrinho aqui não cresce por esse motivo, porque ele não desenvolve novos insights e capta o espírito do seu tempo -- é tudo uma concha de retalhos do que o autor gosta. Isso porque a grande maioria dos autores são nerds delirando em cima de papel, não escritores que estão dispostos a escrever histórias de verdade. Novamente, não sei sobre a literatura, mas o cara desse texto parece ter falado coisa semelhante, embora com uma dose de wishful thinking. Digo, alguns autores aqui como André Vianco conseguem publicar e ter sucesso, mas são poucos. Será que não há um efeito semelhante nos nossos livros, mas no caso, relativo ao SWPL? Os autores serem sujeitos SWPL que usam o papel pra projetar sua SWPLzagem e neuras SWPL, não contar de fato histórias? Talvez eu esteja delirando aqui porque não tenho contato com literatura nacional, então cabe a você o parecer. Mas é o que deu a entender por esse texto que você postou.

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O personagem é praticamente uma encarnação "do que o autor gosta". Então por que o consumidor iria comprar um "justiceiro pirata", podendo ter o original? Diz o sujeito então que o quadrinho aqui não cresce por esse motivo, porque ele não desenvolve novos insights e capta o espírito do seu tempo -- é tudo uma concha de retalhos do que o autor gosta. Isso porque a grande maioria dos autores são nerds delirando em cima de papel, não escritores que estão dispostos a escrever histórias de verdade.


Mas é bem por aí. No fundo o sujeito acaba fazendo uma fanfiction enrustida das histórias que gosta. É comum ver brasileiros na literatura escrevendo histórias que parecem mais fanfics de Games of Thrones e Harry Porter.

Em outras palavras, eles não sabem pegar uma ideia e transformá-la em algo seu.

Jünger novamente é um exemplo. As histórias dele, na aparência, não tem nada de diferente de outras histórias distópicas.

A diferença está em como ele desenvolve os personagens e situações, criando acontecimentos inusitados dentro de um cenário conhecido (a distopia) e expondo ideias igualmente inusitadas.

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Joe escreveu:
O personagem é praticamente uma encarnação "do que o autor gosta". Então por que o consumidor iria comprar um "justiceiro pirata", podendo ter o original? Diz o sujeito então que o quadrinho aqui não cresce por esse motivo, porque ele não desenvolve novos insights e capta o espírito do seu tempo -- é tudo uma concha de retalhos do que o autor gosta. Isso porque a grande maioria dos autores são nerds delirando em cima de papel, não escritores que estão dispostos a escrever histórias de verdade.


Mas é bem por aí. No fundo o sujeito acaba fazendo uma fanfiction enrustida das histórias que gosta. É comum ver brasileiros na literatura escrevendo histórias que parecem mais fanfics de Games of Thrones e Harry Porter.

Em outras palavras, eles não sabem pegar uma ideia e transformá-la em algo seu.

Jünger novamente é um exemplo. As histórias dele, na aparência, não tem nada de diferente de outras histórias distópicas.

A diferença está em como ele desenvolve os personagens e situações, criando acontecimentos inusitados dentro de um cenário conhecido (a distopia) e expondo ideias igualmente inusitadas.


Seria isso parte da cultura brasileira, que vive de cópia, ou falta de preparo de nossos autores mesmo? Lembro que você citou que era preciso, pra você ter uma base pra poder escrever, ler pelo menos uns 2 mil livros. E duvido que essa galera chegue perto da metade haha

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André Vianco soube se apropriar do assunto que ele foi escrever.

Em vez de vampiros lordes ingleses ou blasés super-poderosos vivendo entre os humanos (Moda americana de escrever sobre vampiros) temos um grupo de vampiros portugueses selados no fundo do mar em uma caravela naufragada intencionalmente com instruções de que quem pudesse a encontrar, jamais permitisse o retorno ao mundo daqueles "Demônios viciados no mal".

O problema é que gurizada hoje em dia não leva a religião a sério, daí quando os mergulhadores (Os protagonistas são a caipirada do RS, que praticava mergulho e acharam o barco e queriam lucrar em cima) chamam uns caras duma universidade pra meter a mão no negócio, eles ignoram os avisos, salvageiam o barco, tiram os vampiros pra fora e uma estudante faz o favor de se cortar e respingar sangue em uma deles.

E daí, tá feita a merda.

A personalidade dos vampiros também distoa do que normalmente se vê. Como eles pararam no tempo, tem a questão do choque cultural, por exemplo. Uma hora eles
Spoiler :

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A literatura brasileira é pretensiosa ao extremo, isso sim.
Ou foi apenas resultado de anos de superestimação dos educadores e elite cultural, que precisam, sempre que possível, sobrepor romances datados do século XIX nordestinos aos verdadeiros clássicos da literatura mundial. Caso contrário, quem sabe a molecada conseguiria sentar e se interessar pela trama, e não precisar reler cada parágrafo novamente, visto que metade do linguajar morreu com seus bisavós e as editoras não se dão ao trabalho de lançar algumas versões atualizadas pra captar a atenção da nova geração.

Última edição por Marcoasf em 19/11/14, 05:34 pm, editado 1 vez(es)

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A literatura brasileira é pretensiosa ao extremo, isso sim.
Ou foi apenas resultado de anos de superestimação dos educadores e elite cultural, que precisam, sempre que possível, sobrepor romances datados do século XIX nordestinos aos verdadeiros clássicos da literatura mundial. Quem sabe assim a molecada conseguiria sentar e se interessar pela trama, e não precisar reler cada parágrafo novamente, visto que metade do linguajar morreu com seus bisavós e as editoras não se dão ao trabalho de lançar algumas versões atualizadas pra captar a atenção da nova geração.

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Ashura escreveu:
André Vianco soube se apropriar do assunto que ele foi escrever.

Em vez de vampiros lordes ingleses ou blasés super-poderosos vivendo entre os humanos (Moda americana de escrever sobre vampiros) temos um grupo de vampiros portugueses selados no fundo do mar em uma caravela naufragada intencionalmente com instruções de que quem pudesse a encontrar, jamais permitisse o retorno ao mundo daqueles "Demônios viciados no mal".

O problema é que gurizada hoje em dia não leva a religião a sério, daí quando os mergulhadores (Os protagonistas são a caipirada do RS, que praticava mergulho e acharam o barco e queriam lucrar em cima) chamam uns caras duma universidade pra meter a mão no negócio, eles ignoram os avisos, salvageiam o barco, tiram os vampiros pra fora e uma estudante faz o favor de se cortar e respingar sangue em uma deles.

E daí, tá feita a merda.

A personalidade dos vampiros também distoa do que normalmente se vê. Como eles pararam no tempo, tem a questão do choque cultural, por exemplo. Uma hora eles
Spoiler :


Por isso que o Vianco deu certo, e a "guriazinha fangirl crescida que copia o que viu em Crepúsculo" ou o "RPGzista enrustido que escreve suas neuras sobre vampiros" não. Por isso que acho que o doidão do texto tá falando justamente sobre isso, não querendo (somente) dar uma de sentador de piroca na classe média.

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O negócio é que cês tão tão putos com o SWPL que não conseguiram enxergar além nas palavras do cara hehehehe

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Kenshiro escreveu:
Joe escreveu:
O personagem é praticamente uma encarnação "do que o autor gosta". Então por que o consumidor iria comprar um "justiceiro pirata", podendo ter o original? Diz o sujeito então que o quadrinho aqui não cresce por esse motivo, porque ele não desenvolve novos insights e capta o espírito do seu tempo -- é tudo uma concha de retalhos do que o autor gosta. Isso porque a grande maioria dos autores são nerds delirando em cima de papel, não escritores que estão dispostos a escrever histórias de verdade.


Mas é bem por aí. No fundo o sujeito acaba fazendo uma fanfiction enrustida das histórias que gosta. É comum ver brasileiros na literatura escrevendo histórias que parecem mais fanfics de Games of Thrones e Harry Porter.

Em outras palavras, eles não sabem pegar uma ideia e transformá-la em algo seu.

Jünger novamente é um exemplo. As histórias dele, na aparência, não tem nada de diferente de outras histórias distópicas.

A diferença está em como ele desenvolve os personagens e situações, criando acontecimentos inusitados dentro de um cenário conhecido (a distopia) e expondo ideias igualmente inusitadas.


Seria isso parte da cultura brasileira, que vive de cópia, ou falta de preparo de nossos autores mesmo? Lembro que você citou que era preciso, pra você ter uma base pra poder escrever, ler pelo menos uns 2 mil livros. E duvido que essa galera chegue perto da metade haha


Nunca disse que é preciso ler 2 mil livros (o que creio ser impossível), mas é claro que ler muito é fundamental.

No mais, existe uma literatura de qualidade no Brasil. Editoras como Draco, estronho e tarja publicam muita coisa interessante de literatura fantástica nacional.

Parte do problema é a massificação. Ler o que a mídia diz que é best-seller. Todo mundo prefere ler Crepusculo ou Jogos Vorazes do que buscar coisas diferentes.

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Joe escreveu:
Kenshiro escreveu:
Joe escreveu:
O personagem é praticamente uma encarnação "do que o autor gosta". Então por que o consumidor iria comprar um "justiceiro pirata", podendo ter o original? Diz o sujeito então que o quadrinho aqui não cresce por esse motivo, porque ele não desenvolve novos insights e capta o espírito do seu tempo -- é tudo uma concha de retalhos do que o autor gosta. Isso porque a grande maioria dos autores são nerds delirando em cima de papel, não escritores que estão dispostos a escrever histórias de verdade.


Mas é bem por aí. No fundo o sujeito acaba fazendo uma fanfiction enrustida das histórias que gosta. É comum ver brasileiros na literatura escrevendo histórias que parecem mais fanfics de Games of Thrones e Harry Porter.

Em outras palavras, eles não sabem pegar uma ideia e transformá-la em algo seu.

Jünger novamente é um exemplo. As histórias dele, na aparência, não tem nada de diferente de outras histórias distópicas.

A diferença está em como ele desenvolve os personagens e situações, criando acontecimentos inusitados dentro de um cenário conhecido (a distopia) e expondo ideias igualmente inusitadas.


Seria isso parte da cultura brasileira, que vive de cópia, ou falta de preparo de nossos autores mesmo? Lembro que você citou que era preciso, pra você ter uma base pra poder escrever, ler pelo menos uns 2 mil livros. E duvido que essa galera chegue perto da metade haha


Nunca disse que é preciso ler 2 mil livros (o que creio ser impossível), mas é claro que ler muito é fundamental.

No mais, existe uma literatura de qualidade no Brasil. Editoras como Draco, estronho e tarja publicam muita coisa interessante de literatura fantástica nacional.

Parte do problema é a massificação. Ler o que a mídia diz que é best-seller. Todo mundo prefere ler Crepusculo ou Jogos Vorazes do que buscar coisas diferentes.


Nem sei quem é essa autora, e nem me interesso em saber, mas ela é putaquiparilmente gostosa:

http://www.carolinamunhoz.com/blog/

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