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Filosofia da enxada

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NicolasPK
White Witch
Rant Casey
7 participantes

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Trabalhei hoje de sol a sol.
Cheguei na obra 07:00 horas e fiquei até às 17:00 horas. Fui desafio por um amigo milionário a fazer o trabalho de servente de pedreiro. Ele está construindo uma casa no condomínio fechado mais caro de Campinas e está tocando a obra.  

Sabia que ia ser um trampo duro, mas não sabia que ia ser tão duro. Fez 40C hoje aqui. Os trabalhos estão no começo, então basicamente tive que cavar, limpar o terreno, quebrar pedra. No começo, estava no gás, mas depois da terceira hora de serviço, comecei a desidratar. Tive vontade de abandonar tudo e ir embora, mas o orgulho falou mais alto. Teria que ouvir a seguinte frase: "Anos a fio de Jiu Jitsu, corrida e musculação jogados no lixo... pra que servem?" Trabalhei até o término do expediente.
Minhas mãos estão todas destruídas, estou um caco de cansaço.

Os pedreiros são todos da Bahia e foram muito gente fina. Já falei logo de cara que não conhecia o serviço e foram todos prestativos em me ajudar.

No final, peguei o busão sujo e voltei pra casa.

Conclusões:

A. A obra é um lugar sagrado. É ali que você separa os fracos dos homens. Quem do meu círculo social conseguiria trabalhar? Mão de advogado na enxada, na picareta? Rs. Na obra, não há lugar pra grandes elucubrações, pensamentos. Não existe feminismo, qualquer outra merda que o valha. Existe uma pureza no trabalho duro.

B. O excesso de abstracionismo provém de uma mente super ativa. Mas na obra, ela simplesmente cala a boca. Justamente por isso, ela é um remédio pra drogadictos e deveria ser para todos. Mao-Tsé-Tung estava certo na revolução cultural dele; burocratas, tecnocratas têm que sujar a mãosinha de terra, ter sujeira embaixo da unha; tem que compartilhar uma caneca que tem água e areia misturadas.

C. O melhor remédio que existe para depressão é trabalho pesado. O resto são lucros da indústria farmacêutica.

D. Os pedreiros são gente boa; os burgueses do meu bairro são tudo filho da puta. Olhavam com reprovação pras minhas roupas e pra mim, todo sujo. O cidadão de classe média de uma cidade grande é solitário, intolerante, um cusão. Eles olham com desdém pra quem constrói a casa deles.

E. Trabalhar 10 horas embaixo do sol é penoso. Treinar 2 horas por dia é saúde.

Última edição por Redondo_Apaixonado em 04/04/16, 08:50 pm, editado 1 vez(es)

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O redondo é um antropólogo da linha antiga RS. Lembro de exemplos de antropólogos que se metiam a boias-frias, talvez o trabalho mais maçante junto com o de pedreiro

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Redondo, te felicito pela descoberta, camarada.

Confesso que nunca peguei num pesado tão pesado quanto esse aí. Mas o trabalho que eu fazia - de alegre, na marcenaria - já fazia amigos e conhecidos me olharem como se eu fosse um ET, e ouvirem assim com certo desdém também o que para eles parecia um "hobby duvidoso".

Não é, pra mim. Comecei uma mesa de jantar em madeira de lei maciça para meu irmão justamente num dia em que cheguei em casa as 18h depois de um dia inteiro de reuniões. O cansaço que eu estava era mental - o esforço físico me descansou. Mas como eu disse por pesado que fosse não se compara com um dia de pedreiro.

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Redondo, é muito bonito essa glamourização da enxada que você se permitiu viver, mas não me comoveu o relato.

Não é preciso pegar numa para saber o nível de dificuldade que essas pessoas aguentam diariamente (e normalmente não reclamam e nem fazem do trabalho um ato estoico) só para provar aos outros o que quer seja, fazem o que precisa ser feito por necessidade e não para "cansar" o corpo.

É fácil capinar um lote ou bater laje 1 vez na vida, sentir a dureza e relatar o "sofrimento" alheio, criticar a sociedade, mas depois não fazer absolutamente nada a respeito. Isso é mais do mesmo.

Gostaria de ver relatos onde você vai diariamente nessas obras, se dedicar a estas pessoas. Ex.: Auxilando em alongamentos nos intervalos, alimentação, música, cultura - doando o mínimo que seja de algo que eles dificilmente irão ter a possibilidade de vivenciar um dia.

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E que finalidade cumpriria ele fazer isso todo dia Deb? Alguma iluminação espiritual? Provar algo a alguém? Conquistar o direito de tocar no assunto, sem ser questionado?

Não é preciso "testar as credenciais" do Redondo porque isso não cumpre nada.



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Estou comovido e maravilhado. Redondo agora tem seu lugar entre os grandes da revolução anarco-dadaísta.

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Rant Casey escreveu:
E que finalidade cumpriria ele fazer isso todo dia Deb? Alguma iluminação espiritual? Provar algo a alguém? Conquistar o direito de tocar no assunto, sem ser questionado?

Não é preciso "testar as credenciais" do Redondo porque isso não cumpre nada.



A finalidade é ter iniciativa levando algo de bom (já citado em exemplos), que é comum para o Redondo mas para essas pessoas desconhecido. Seria uma forma concreta de demonstrar gratidão em relação ao trabalho/esforço delas dentro de uma obra e sociedade. Porque o questionamento existencial e passar um dia "vivendo" com elas, depois retornar para casa sem olhar para trás, aí fica fácil. Tudo não passaria de uma grande auto-afirmação no qual a "obra" foi um meio, para um fim egoísta de "cansar o corpo e esvaziar a mente" com a falsa ilusão de valorizar o empenho do outro.


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Debs desconhece o que é o arigó. O arigó dá de ombros para a afetação chamada de ginástica laboral. Menor interesse ainda ele tem por música e cultura.

Peão de obra feliz é peão com uma garrafa de Coca-Cola bem gelada e um maço de Hollywood vermelho.

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O redondo parece ser um cara bacana, espero que ele deixe essas experiências antropológicas de lado e foque no concurso da PC-PE. Daí ele vai deixar de sentir complacência dos peões quando tivermos que perseguir os malas Pernambuco.

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NicolasPK escreveu:
Debs desconhece o que é o arigó. O arigó dá de ombros para a afetação chamada de ginástica laboral. Menor interesse ainda ele tem por música e cultura.

Peão de obra feliz é peão com uma garrafa de Coca-Cola bem gelada e um maço de Hollywood vermelho.


Pelo contrário, tenho experiência. Além dos peões de obra, também com os de fábrica e com motoristas carreteiros diretamente, todos setores operacionais. São pessoas extremamente curiosas e dedicadas, que além de cigarro, rebite e Coca-Cola gostam e se dispõe a aprender algo diferente de sua rotina, desde que isso não se torne uma mudança.

Um simples combinar de todos os dias tomar um café no intervalo de 15 minutos que esse camaradas tem, só para escutar seus "causos" já faz uma enorme diferença, porque ninguém faz isso. Imagina quando se oferece algo somente para demonstrar o valor dele e de seu trabalho? A sensação é extremamente gratificante para ambas as partes.

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Deixa eu ver se eu entendi.

Teu "amigo milionário" te "desafiou a ser servente de pedreiro"... E tu trabalhou de graça?

O amigo milionário agradece. Mais uns scotches pra ele, é só arrumar uns caras afetados querendo sentir na pele o que é ser peão e ele não precisa pagar peão de verdade mais.

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"Mao-Tsé-Tung estava certo na revolução cultural dele; burocratas, tecnocratas têm que sujar a mãosinha de terra, ter sujeira embaixo da unha; tem que compartilhar uma caneca que tem água e areia misturadas. "

Exceto que esse viado foi filho de um fazendeiro rico e nunca teve que trabalhar de verdade, típico de líderes comunistas, aliás.

Mas seria interessante botar o molusco a fazer trabalhos forçados por exemplo, já que ele se diz operário mas nunca trabalhou.

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Alguém dizer "eu duvido que tu faça x" não é uma boa motivação. Na verdade é bem infantil. Tu poderia tão bem ter retrucado:

"Ah é? Diz duvido".

"Duvido!"

"Pau no teu ouvido!".

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Deb Hell escreveu:
NicolasPK escreveu:
Debs desconhece o que é o arigó. O arigó dá de ombros para a afetação chamada de ginástica laboral. Menor interesse ainda ele tem por música e cultura.

Peão de obra feliz é peão com uma garrafa de Coca-Cola bem gelada e um maço de Hollywood vermelho.


Pelo contrário, tenho experiência. Além dos peões de obra, também com os de fábrica e com motoristas carreteiros diretamente, todos setores operacionais. São pessoas extremamente curiosas e dedicadas, que além de cigarro, rebite e Coca-Cola gostam e se dispõe a aprender algo diferente de sua rotina, desde que isso não se torne uma mudança.

Um simples combinar de todos os dias tomar um café no intervalo de 15 minutos que esse camaradas tem, só para escutar seus "causos" já faz uma enorme diferença, porque ninguém faz isso. Imagina quando se oferece algo somente para demonstrar o valor dele e de seu trabalho? A sensação é extremamente gratificante para ambas as partes.  


Deb, o Redondo já tem um jeito almofadinha pelo visto.

Se ele chegar querendo ouvir histórias, tomar um café com a peonada e coisa e tal, vão pensar é que o cocota foi lá querendo dar o rabo.

Arrisco dizer que pelas primeiras tres horas de batente eles AINDA acharam isso, e só se convenceram do contrário quando ele foi até o final do tirão.

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^ kkkkkkkk kkkkkkkk kkkkkkkk caguei de rir

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Deb Hell escreveu:
NicolasPK escreveu:
Debs desconhece o que é o arigó. O arigó dá de ombros para a afetação chamada de ginástica laboral. Menor interesse ainda ele tem por música e cultura.

Peão de obra feliz é peão com uma garrafa de Coca-Cola bem gelada e um maço de Hollywood vermelho.


Pelo contrário, tenho experiência. Além dos peões de obra, também com os de fábrica e com motoristas carreteiros diretamente, todos setores operacionais. São pessoas extremamente curiosas e dedicadas, que além de cigarro, rebite e Coca-Cola gostam e se dispõe a aprender algo diferente de sua rotina, desde que isso não se torne uma mudança.

Um simples combinar de todos os dias tomar um café no intervalo de 15 minutos que esse camaradas tem, só para escutar seus "causos" já faz uma enorme diferença, porque ninguém faz isso. Imagina quando se oferece algo somente para demonstrar o valor dele e de seu trabalho? A sensação é extremamente gratificante para ambas as partes.  


Fomos de ginástica laboral a... sentar para tomar um café?

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Rant Casey escreveu:
Deb Hell escreveu:
NicolasPK escreveu:
Debs desconhece o que é o arigó. O arigó dá de ombros para a afetação chamada de ginástica laboral. Menor interesse ainda ele tem por música e cultura.

Peão de obra feliz é peão com uma garrafa de Coca-Cola bem gelada e um maço de Hollywood vermelho.


Pelo contrário, tenho experiência. Além dos peões de obra, também com os de fábrica e com motoristas carreteiros diretamente, todos setores operacionais. São pessoas extremamente curiosas e dedicadas, que além de cigarro, rebite e Coca-Cola gostam e se dispõe a aprender algo diferente de sua rotina, desde que isso não se torne uma mudança.

Um simples combinar de todos os dias tomar um café no intervalo de 15 minutos que esse camaradas tem, só para escutar seus "causos" já faz uma enorme diferença, porque ninguém faz isso. Imagina quando se oferece algo somente para demonstrar o valor dele e de seu trabalho? A sensação é extremamente gratificante para ambas as partes.  


Deb, o Redondo já tem um jeito almofadinha pelo visto.

Se ele chegar querendo ouvir histórias, tomar um café com a peonada e coisa e tal, vão pensar é que o cocota foi lá querendo dar o rabo.

Arrisco dizer que pelas primeiras tres horas de batente eles AINDA acharam isso, e só se convenceram do contrário quando ele foi até o final do tirão.



Particularmente, não acreditei em momento algum nessa história do Redondo. Ao menos foi uma boa fanfic, mais verossímil do que as que estou acostumado a ver.

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E agora, Redondo? Você precisa provar que é realmente capaz.

Será que o Nícolas tem um lote pro Redondo capinar de graça?

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Talvez faça isso algum dia pela experiência.
Vcs pegam muito no pé do redondo.

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Última edição por Redondo_Apaixonado em 05/04/16, 07:47 pm, editado 2 vez(es)

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Última edição por Redondo_Apaixonado em 05/04/16, 07:40 pm, editado 1 vez(es)

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Última edição por Redondo_Apaixonado em 05/04/16, 07:42 pm, editado 1 vez(es)

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Sir D. Fortesque escreveu:
Talvez faça isso algum dia pela experiência.
Vcs pegam muito no pé do redondo.


É amor que sentem por mim.
De qualquer forma, fiquei feliz pela experiência e pelos 80 reais que tirei. A marmita tava boa também.

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