Como demonstra Durkheim, o que sustenta a civilização é a individualidade de homens e mulheres, construída a duras penas ao longo dos séculos, na passagem da “solidariedade mecânica” das tribos primitivas, cujos membros se assemelhavam às engrenagens uniformes de um relógio, à “solidariedade orgânica” das civilizações modernas, cujos indivíduos, filhos da complexa divisão social do trabalho, são como os órgãos do corpo humano, cada um com sua especificidade única, mas todos obrigados a funcionarem em harmonia, pois nenhum deles se basta sozinho. Ao despirem o indivíduo da civilização que o criou, os recentes movimentos sociais contemporâneos — como a Marcha das Vadias, a Parada Gay e a Marcha da Maconha — representam um perigoso retrocesso ao tempo das tribos primitivas, em que o indivíduo não valia nada por si mesmo, mas somente como instrumento da engrenagem social.
Os homens e mulheres atuais — potencialmente os mais livres de toda a história da humanidade — são filhos do intercâmbio milenar e complexo entre a civilização greco-romana e a civilização judaico-cristã. A própria noção de direitos humanos, apropriada indevidamente pelos revolucionários de esquerda, é fruto dessa simbiose e se tornou possível com o advento da privacidade do indivíduo, sobretudo a partir do século 18. É o que demonstra a historiadora panamenha Lynn Hunt, radicada nos Estados Unidos, no livro “A Invenção dos Direitos Humanos” (Companhia das Letras, 2009, 288 páginas). “A autonomia individual depende de uma percepção crescente da separação e do caráter sagrado dos corpos humanos”, afirma Lynn Hunt. E acrescenta, de modo taxativo: “Para ser autônoma, uma pessoa tem de estar legitimamente separada e protegida na sua separação; mas, para fazer com que os direitos acompanhem essa separação corporal, a individualidade de uma pessoa deve ser apreciada de forma mais emocional”.
http://www.jornalopcao.com.br/posts/reportagens/formigas-de-asas-mulheres-sem-chao
Os homens e mulheres atuais — potencialmente os mais livres de toda a história da humanidade — são filhos do intercâmbio milenar e complexo entre a civilização greco-romana e a civilização judaico-cristã. A própria noção de direitos humanos, apropriada indevidamente pelos revolucionários de esquerda, é fruto dessa simbiose e se tornou possível com o advento da privacidade do indivíduo, sobretudo a partir do século 18. É o que demonstra a historiadora panamenha Lynn Hunt, radicada nos Estados Unidos, no livro “A Invenção dos Direitos Humanos” (Companhia das Letras, 2009, 288 páginas). “A autonomia individual depende de uma percepção crescente da separação e do caráter sagrado dos corpos humanos”, afirma Lynn Hunt. E acrescenta, de modo taxativo: “Para ser autônoma, uma pessoa tem de estar legitimamente separada e protegida na sua separação; mas, para fazer com que os direitos acompanhem essa separação corporal, a individualidade de uma pessoa deve ser apreciada de forma mais emocional”.
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