Sinto por tirar um pouco da motivação do Drago acerca da carreira diplomática.
Mas hoje em dia é uma das carreiras que acho mais frustrantes e decepcionantes que tem, comparado ao esforço necessário para passar no concurso.
O cara fica lá, no mínimo 3 anos para passar no itamaraty (se passar em 3 anos já está bem acima da média), aprende francês, espanhol, inglês, tudo de alto nível. Ai 2 anos fazendo a escola do Rio Branco, que decaiu bastante já, o cara fica 2 anos estudando coisas um tanto quanto óbvias e básicas e aprendendo como se portar e etc.. Metade da vida diplomática é pura etiqueta.
Depois disso tudo, hora de ir para primeira embaixada ou consulado pelo mundo. Nesta etapa a esperança de ficar em um país da América Latina, Europa ou América do Norte já se esvaiu. O cara já sabe que vai começar pela Ásia ou África, esqueça também o Japão, e fique feliz se não cair em países como Uganda.
Graças ao Lula-la temos embaixadas em países que praticamente não temos relações comerciais e pouquíssimas parcerias estratégicas, só fica lá para dizer ''oi somos amigos viu'' e resolver dramas de brasileiros que estão viajando pelo mundo.
América Latina, Europa e EUA/Canadá, só depois de uns 15~20 anos de carreira. E a carreira diplomática é hierárquica, você só apita algo, talvez depois de uns 30 anos e lembre-se que para chegar no cargo final é necessário indicação política (e nem to falando de ministro das relações exteriores que agora é o Serra). Já conheci diplomata que depois de 29 anos de trabalho, para subir de cargo queriam que ele passasse 1 ano na embaixada mais perigosa do Oriente Médio.
Agora coloca na balança, você fica saltando de país em país. Se for um cara de família, já vai ter um problema, se você muda de 4 em 4 anos, como fica a escola do seu filho? Depois de aprender chinês você vai para o Irã, tem que recomeçar e aprender Persa, qualquer projeto de prazo mais longo não poderá contar com nada fixo, coisas como ''quero abrir um comércio'' e etc...
Por fim, você fica a merce de governos lixos que podem colocar todo seu trabalho no lixo em poucas canetadas. Sem contar que o Itamaraty hoje tá desvalorizado ao extremo, meio que deixado de lado e com pouquíssima autonomia, não vai surgir hoje um Barão do Rio Branco, mesmo se tiver gente com potencial para ser um, a estrutura simplesmente não permite.
Falo isso porque eu gostava da profissão, mas quando fui para brasília, conversei com muitos diplomatas e etc... Desanimei, na verdade os próprios diplomatas estão desanimados, um deles que conheci largou a carreira e é professor nos EUA.