Natural, no sentido de "uma ocorrência observável no plano da realidade", é auto evidente que é. Aliás sob o mesmo ponto de vista, andar de avião, que é um produto da industriosidade e intelectualidade humana, igualmente é natural. Neste sentido, é natural ao ser humano fazer tudo aquilo que lhe é possível fazer. Uma extrapolação de entendimento da frase de Cícero, "sou humano, portanto nada que é humano me é estranho".
Desejável? Arrisco dizer que, se houvesse um comprimido que transforma um heterossexual em homossexual, quase ninguém tomaria (tem louco pra tudo). De modo inverso se houvesse um que convertesse um homossexual em heterossexual, a maioria tomaria (afinal ser homossexual aparentemente não facilita a vida de ninguém...). Alguns no entanto seriam teimosos.
Natural, no sentido de algo "confluente ao funcionamento ideal da natureza", é discutível porém muito (muito) mais provável que não do que sim: se vista a sexualidade somente dentro do plano da função procriativa, evidentemente a homossexualidade não faz nenhum favor à natureza. Ou nas palavras do Apóstata da Pós Modernidade, Levi Fidelix "dar o cu não engravida". Corolário: "comer o cu de alguém também não engravidará esse alguém".
Se no entanto para a sexualidade é avaliada também alguma suposta "função erótica", ou melhor dizendo, que a atividade erótica cumpre finalidade útil e frutífera ao Ser, seria objeto de uma interminável discussão SE, caso essa finalidade exista (eu acredito que existe), as condições para que seja favorável teriam de ir além do mero alívio do orgasmo, de modo que hajam circunstâncias em que este alívio seja, de inconveniente a recriminável.
Boa sorte com essa discussão. Como eu acredito que todos têm o direito de partilhar da miséria humana tanto quanto seu apetite lhes exige, ainda que seja danoso dar-se a formas sexuais "onanísticas" (incluo nestas a sodomia), se é danoso e há quem necessite, é porque necessita fazer um suposto mal a si - e agora, deveria optar pelo menor entre os males, e qual seria o menor dos males, a abstenção frustrante, ou o "desvio de conduta"? Eu não sei responder. Eu sou fumante, então... eu acabo sempre optando pela escolha "antinatural", inconveniente ao meu Ser, mas que me poupa de outro mal (o menor, no caso) que é a abstinência torturante.
A propósito, estaríamos dispostos a condenar com o mesmo vigor o ato de comer a bunda de sua própria mulher, em perfeita monogamia que o seja? Há concessões que eu não estou disposto a fazer, e aliás, currar a minha parece me fazer menos mal do que o cigarro então... acaba caindo na ordem de prioridades na minha lista de "como ser um cara mais puro".
O meu problema com os obcecados com furincos - pro et contra - é que essa discussão é uma absoluta perda de tempo. Se você exaurir essas questões, o máximo que conseguira é concluir que pode até ser que não ceder a impulsos homossexuais para quem os têm, traga algum benefício - todavia ele seja questionável, subjetivo, e provavelmente marginal na soma final da vida.
Não possuímos uma grande discussão sobre pessoas intolerantes a lactose que insistem em beber leite, temos? A gente aceita fácil que, se eles preferem suportar as náuseas e desarranjos, do que abandonar essa gratificação, então, não há o que se possa fazer.
Mas que a militância é irritante, é. Suspeito que uma boa estratégia seria esfomear-lhes: recusar-se a polemizar seus caprichos. Talvez assim, terminariam reclusos a algum forum de internet destinado a se discutir coisas que não interessam a ninguém e sequer chegam a ser uma questão meritória. Algo similar a um "Fórum para Intolerantes a Lactose".
"Cool story bro."