Francisco Razzo
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Está circulando um vídeo acerca de um “debate sobre feminismo” na Faculdade de Direito de Sorocaba: a FADI. Para ajudar, eu não só apareço como a “confusão” teve início a partir da minha tentativa de formular duas perguntas para a palestrante. Em termos Aristotélicos, eu seria – e sinceramente muito a contragosto –, vamos dizer, a “causa eficiente” da confusão. Afinal, o que eu perguntaria para palestrante feminista? Recebi umas quinze mensagens de gente querendo saber. Por outro lado, vi muita gente escrevendo por esse mundão pintado de vermelho sangue que eu teria sido o motivo de tudo, ou seja, a "causa formal", determinante, por ser "fascista", "desonesto" e "reacionário". Não, não fui.
A causa determinante do encerramento da palestra pelo diretor da faculdade, meu amigo e homem de muito respeito, é a quebra de um acordo exigido para que o evento acontecesse. O diretor da faculdade deixou claro, e teve dificuldade com isso a semana toda, que a palestra NÃO ACONTECERIA SE FOSSE PARA FAZER MILITÂNCIA FEMINISTA E PROSELITISMO IDEOLÓGICO. Pra quem esteve na palestra, notou as provocações e o proselitismo ideológico da convidada, Djamila Ribeiro, blogueira e colunista da Carta Capital, do começo ao fim.
O clima já estava tenso. E toda “causa material” da confusão foi justamente essa tentativa de transformar um respeitado ambiente acadêmico num campo de batalha ideológico. Conheço o diretor e afirmo: jamais houve tentativa de boicotar o evento promovido por um grupo de feministas aqui da cidade. Jamais. Tanto é que ele aconteceu.
Quando ele me apresenta, interrompendo um início de confusão gerada pela plateia, faz com as boas intenções de enriquecer o debate. Já que as três perguntas anteriores foram depoimentos de apoio e não bem perguntas à palestrante. Disserem que eu tentei furar a fila das perguntas, que eu estava lá de “caso pensado” para “tumultuar” a palestra. Nada disso é verdadeiro. Eu pedi a palavra para o presidente da mesa, direito do CA. E ele havia autorizado. Não por que o diretor era o meu amigo. Mas por eu ter realmente solicitado o microfone e ser autorizado a falar. E, mesmo assim, eu ainda pergunto se posso fazer duas perguntas! Na verdade, o que não ficou acertado, portanto a “a causa final” do evento, foi o cumprimento das exigências de um ambiente acadêmico cujo valor fundamental consiste no RIGOR da exposição, dentro de uma COMUNIDADE DE DIÁLOGO e ANÁLISE CRÍTICA das teses apresentadas.
Bom, quanto as minhas perguntas, respondendo aos curiosos: 1) “em que sentido devo considerar ‘a sociedade machista’, um termo confuso, o ‘sujeito da imposição’” e encontrar, assim, responsáveis efetivos no que diz respeito à dignidade das mulheres, uma vez que culpar a “sociedade” é como não culpar ninguém?” 2) Dado que o sujeito da imposição é um termo abstrato, e, por isso, não pode ser sujeito de responsabilidade, então me resta ‘transformar a sociedade machista’ numa ‘sociedade mais igualitária’. Nesse caso, então, como podemos descrever -- e descrever aqui tem sentido científico de conceber mundos possíveis -- essa ‘sociedade igualitária’ historicamente e não só adotar a ideia de ‘sociedade igualitária’ como uma espécie de primado normativo da ação trevolucionária?”