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descriptionNietzsche e a grecidade trágica como antídoto para a modernidade “mole” EmptyNietzsche e a grecidade trágica como antídoto para a modernidade “mole”

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“Segundo Nietzsche, as teorias e as ideologias políticas da era moderna estão alicerçadas numa determinada concepção de homem totalmente diferente daquela apresentada pelos antigos Gregos; ou seja, os modernos mostram uma concepção que afirma sobretudo a separação do homem e da natureza, para apresentá-lo como um ser melhor e mais cordato. No entanto, esta seria uma concepção errônea, pois o homem está totalmente imiscuído na natureza: mesmo aquilo que é apontado nele como sendo sua humanidade própria é também um produto da natureza, para não falar das suas explosões de ódio e crueldade que comprovam esse pertencimento inexorável.

Os gregos afirmavam a necessidade e a legitimidade da luta, do combate, da disputa, assim como a alegria proveniente da vitória nesse empreendimento. Hesíodo haver uma Éris boa e uma Éris má, a primeira é cruel e aniquiladora, e a segunda opera como um impulso ao trabalho, cujas as fontes são o ciúme, a inveja, a ambição e a vontade de superação do outro que se encontra numa situação melhor. Não se trata aqui de uma luta de morte, mas de uma disputa. A disputa é o fundamentado do Estado grego, e opera como um elemento pedagógico que garante a continuidade da Pólis: a combate é ao mesmo tempo a salvação e a libertação. Por isso também, qualquer excesso de poder, glória ou riqueza, era sentido pelos Gregos como um sinal da inveja dos deuses: a desmedida era percebida como um crime capaz de suscitar o ciúme colérico dos deuses, contra os quais os homens sempre nada podem. Ao contrário, os modernos são os homens da desmedida pois louvam a excepcionalidade do gênio, temem a ambição e a disputa como nocivas, acusam o egoísmo e a inveja como valores negativos e destrutivos.

Todos os gregos almejavam o poder tirânico como sendo a maior felicidade, mas por isso também eles tudo faziam para impedir que isso ocorresse a alguém em particular. Nesse sentido, os legisladores incentivavam as disputas entre os civis para garantir a paz social, isolando o Estado como objeto a ser combatido.


http://realismopolitico.com/2014/12/13/nietzsche-e-a-grecidade-tragica-como-antidoto-para-a-modernidade-mole/

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Para entendê-lo duas concepções básicas: a) ele diviniza a vida; b) o idealismo a demoniza.

São os pilares.

O forte a diviniza, com seus cultos, libações, glutonarias, arte/criatividade, ócio e guerra. Se todos vão morrer no final alguns não vão entregar a rapadura de bandeja.

O fraco busca o além, a fuga do presente. Vive com a cabeça nas nuvens do ideal platônico, que se espargiu para todos os lados.

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Ps. Quando Nietzsche fala em gregos, são os pré-socráticos. Sócrates, Platão e Aristóteles - este último bem menos - já são sintomas de decadência.

Última edição por Radamanto em 15/12/14, 12:39 pm, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Kramatycá)

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O diálogo abaixo mostra bem a diferença entre gregos e gregos.

Górgias, a Retórica – Platão.

Cálicles - Foi isso, precisamente, Sócrates. Pois como poderá ser feliz quem for escravo do que quer que seja?  O belo e justo por natureza, digo-o sem o menor constrangimento, é que quem quiser viver de verdade, longe de reprimir os apetites, terá de permitir que se expandam quanto possível, e quando se encontrarem no auge, ser capaz  de alimentá-los com denodo e inteligência e de satisfazer a todos eles à medida que se forem manifestando. Mas isso, justamente, segundo penso, é que não é para toda a gente; eis porque a maioria dos homens censura as pessoas capazes de assim viver, por se envergonharem da própria debilidade, que procuram esconder, e qualificam de feia a intemperança, para escravizarem, conforme disse há pouco, as pessoas bem-dotadas por natureza. Sendo incapazes de satisfazerem suficientemente suas paixões, elogiam a temperança e a justiça com base em sua própria pusilanimidade. Pois para os que nasceram filhos de reis, ou que por natureza sejam capazes de conquistar algum império ou o poder e qualquer domínio: haverá nada mais vergonhoso e prejudicial do que a temperança para semelhantes indivíduos?  Tendo a possibilidade de gozar de todos os bens, sem que ninguém se lhes atravesse no caminho, iriam impor a si mesmos um déspota, a saber, a lei da maioria, e o falatório dos outros, e as censuras?  Quão infelizes não se tornariam, pelo fato mesmo da beleza da justiça e da temperança, se não pudessem dar mais aos amigos do que aos inimigos, e isso apesar de serem donos de suas próprias cidades?  O certo, Sócrates, é que a verdade que tu presumes procurar é simplesmente isto: o luxo, a intemperança e a liberdade, quando devidamente amparados, é que constituem ao certo a virtude e a felicidade. Tudo o mais, todos esses enfeites e convenções contrárias à natureza, não passam de palavrório sem valor.

Sócrates - Não denota baixa estirpe, Cálicles, a franqueza com que desenvolves teu argumento, pois dizes com toda a clareza o que os outros pensam, porém não se atrevem a manifestar. Só te peço que não cedas em nenhum ponto, para que realmente se torne manifesto como é preciso viver. Dize-me uma coisa: afirmas que não deve refrear as paixões quem quiser ser o que deseja ser, porém deixar que cresçam elas ao máximo, procurando satisfazê-las de todo o jeito, e que nisso consiste a virtude?

Cálicles -  É o que sustento.

Sócrates
- Erram, portanto, os que  apregoam  que  felizes  são  os  que  de  nada necessitam?

Cálicles - Nesse caso, as pedras e os cadáveres seriam felicíssimos.

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Withe Witch escreveu:
Nesse sentido, os legisladores incentivavam as disputas entre os civis para garantir a paz social, isolando o Estado como objeto a ser combatido.


Há um detalhe engraçado que esse trecho acima citado pelo White Witch revela.

Há um monte de doidos que fica em uma masturbação intelectual falando que os gregos antigos são lindos e maravilhosos. Porém, quando ouve falar de livre mercado faz carinha de nojo. O problema é que o Estado Liberal é exatamente isso aí aplicado primariamente ao campo econômico (a prioridade em uma cultura onde a casta burguesa/comerciante/produtora ganha primazia).

Querem ser ideologicamente coerentes e acabam sendo incoerentes com a realidade (quando usam o Nietzsche para amparar o discurso).

Última edição por Delta-Dan em 15/12/14, 11:59 am, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Correção de erro de digitação em "ouve".)

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Delta-Dan escreveu:
Withe Witch escreveu:
Nesse sentido, os legisladores incentivavam as disputas entre os civis para garantir a paz social, isolando o Estado como objeto a ser combatido.


Há um detalhe engraçado que esse trecho acima citado pelo White Witch revela.

Há um monte de doidos que fica em uma masturbação intelectual falando que os gregos antigos são lindos e maravilhosos. Porém, quando houve falar de livre mercado faz carinha de nojo. O problema é que o Estado Liberal é exatamente isso aí aplicado primariamente ao campo econômico (a prioridade em uma cultura onde a casta burguesa/comerciante/produtora ganha primazia).

Querem ser ideologicamente coerentes e acabam sendo incoerentes com a realidade (quando usam o Nietzsche para amparar o discurso).


boa rsrs.

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Segundo Nietzsche, as teorias e as ideologias políticas da era moderna estão alicerçadas numa determinada concepção de homem totalmente diferente daquela apresentada pelos antigos Gregos; ou seja, os modernos mostram uma concepção que afirma sobretudo a separação do homem e da natureza, para apresentá-lo como um ser melhor e mais cordato."


Nietzsche nunca disse que o homem moderno está separado da natureza.

Mas o que existe são a natureza forte e afirmativa, e a natureza fraca e doente. Portanto, não há estado de não-natureza no homem.

O texto já começa falseado.

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...ou seja, os modernos mostram uma concepção que afirma sobretudo a separação do homem e da natureza, para apresentá-lo como um ser melhor e mais cordato. No entanto, esta seria uma concepção errônea, pois o homem está totalmente imiscuído na natureza: mesmo aquilo que é apontado nele como sendo sua humanidade própria é também um produto da natureza, para não falar das suas explosões de ódio e crueldade que comprovam esse pertencimento inexorável.


Esse trecho mostra, basicamente, como Nietzsche enxerga a moral: para ele, a moral foi criada tendo por objetivo a sobrevivência do homem. Deixar a vida mais confortável (o belo, expresso nas artes, música, etc...) e para os homens não se matarem tanto uns aos outros (desse elemento é que ele afirma que a moral sempre tem uma origem imoral/instintiva, e não um produto de um "ser superior"). Partindo disso, a principal critica de Nietzsche, em seus textos, ao cristianismo e a modernidade, quanto à moral, é o modo como eles enxergam ela: Nietzsche diz que "a moral deve servir ao homem (dada a sua origem), e não o oposto disto, como os cristaõs/modernos fazem, querendo que nos tornemos escravos dela!. Nietzsche não nega a moral. Nietszche só quer que os outros enxerguem qual é a real função dela.

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