Como aqui, cortesia do Joe, tem teste disso, teste daquilo, teste daquele outro, proponho o teste de gauchês.
Ele é simples. Quem entender 100% do texto a seguir, está aprovado e pode pegar as bota, as bombacha, o lenço colorado (Não, gremistas não ganham um lenço azul) e o chapéu na saída. Vestido longo pras prenda. Quem entender a maior parte com ressalvas ganha uma CD do Galpão Crioulo. Quem entender uma coisa aqui e ali ganha de brinde de consolação uma erva-mate barão, e que se vire para arrumar a bomba e a cuia. Aconselho também a, se forem abordados por policiais no Rio de Janeiro, perguntando o que levam aí, não informarem que é erva e uma bomba. Cariocas por definição tendem a falhar no teste de gauchês, nobre exceção de Luís Alves de Lima e Silva.
Quem não entender nada, não entende nada de gaúcho fora as besteiras que saem por aí, e doravante será condenado a ouvir "tchê music" por toda a eternidade.
Segue a provação. Steel yourselves.
Um findi a fuzel.
Assim, ó. Todo mundo tinha ido pra Atlântida e eu pensei:
“Bem capaz que eu vou ir, isso não vai dar um quilo.” Não sei a troco de quê, acabei fondo. Azar é do goleiro. Deu no rádio que o tempo ia abrir e entrei numas de pegar um sol e dar uma perneada. Pedi o carro pro pai, passei na lomba do Pinheiro pra pegar o Magrão e encarei a Freeway.
Cheguei lá, primeira coisa, botei um chinelo de dedo. Aí, peguei uma bici e fui no super comprar umas berga. Parei na sinaleira e vi que tinha uma galera tri massa na lancheria da esquina. Entrei, pedi um refri e fi quei ali de canto. Eram aquelas guria do Anchieta, que eu conheci no Parcão. E eu, loco de faceiro, pois tava lá aquela alemoa, com cara de colona, dando sopa. Pra tu vê que eu não sou chinelão, cheguei junto e mandei um texto tri profí. A alemoa se abriu pra mim: “Bah, tu é parceiro, dos meu, cara.”
Mazáh! Te mete! Baita balaqueiro! Aproveitei que eu tava bem na foto e chamei ela pra dar uma volta de carro. Te liga, então. A guria tava tri a fi m de ir pra Santa. Fui. Peguei a Brioi, que vai dar em Floripa, e acelerei. Pra tu ver como são as coisa. A família da mina tem uma baia dessas de veranear, na lagoa da Conceição. Pensei comigo: “Vai ser um findi a fuzel.”
Aí a gente chegou e a guria pirou na batatinha, viajou na maionese.
Entrou numa noia, tipo cheia de dedos. Não podia mexer em nada, nem fazer barulho, pra não sujar “com as véia aí do lado”. Mó saco, cortou o barato. Na hora do vamo ver, não rolou. Sei lá, travei. Falei pra mina bem nessas: “Aí, não deu liga.” Ela resmungou “tô de cara” e começou a chorar. Pegou uma garrafa de vodca e mamou no gargalo. Tomou um balaço. Chamou o Hugo, fez o maior porquinho. É brincadeira!
Ainda bem que foi na patente. Pedi arrego. Fechei um chimas, botei um calção e fui pra sacada, lagartear. A mina chegou pro meu lado: “Aí, ó, baita sanduba que eu fi z pra ti, na responsa.” Olhei de revesgueio. Era um cacetinho com umas gororoba dentro. Periga a mina nem lavou as mão. Dei um godô e fi quei pensando: “Bah, eu me meto em cada indiada.”
Eu já tava ali há horas, louco pra picar a mula. Foi quando tocou o celular. Era a Li me chamando prum churras tri a fu no Campeche.
Não falei nada pra não alertar os ganso. Mas a pinta se tocou e queria se escalar pra ir junto. Aí fechou o tempo. Montei num porco. “Tchê, qual é o teu pastel?”
Recolhi as tralha e me mandei. Deixei a mina lá. Deu pra mim.
- Kledir Ramil
[É mais um teste de porto-alegrês, mas azar, é o que tinha em mãos].
Ele é simples. Quem entender 100% do texto a seguir, está aprovado e pode pegar as bota, as bombacha, o lenço colorado (Não, gremistas não ganham um lenço azul) e o chapéu na saída. Vestido longo pras prenda. Quem entender a maior parte com ressalvas ganha uma CD do Galpão Crioulo. Quem entender uma coisa aqui e ali ganha de brinde de consolação uma erva-mate barão, e que se vire para arrumar a bomba e a cuia. Aconselho também a, se forem abordados por policiais no Rio de Janeiro, perguntando o que levam aí, não informarem que é erva e uma bomba. Cariocas por definição tendem a falhar no teste de gauchês, nobre exceção de Luís Alves de Lima e Silva.
Quem não entender nada, não entende nada de gaúcho fora as besteiras que saem por aí, e doravante será condenado a ouvir "tchê music" por toda a eternidade.
Segue a provação. Steel yourselves.
Um findi a fuzel.
Assim, ó. Todo mundo tinha ido pra Atlântida e eu pensei:
“Bem capaz que eu vou ir, isso não vai dar um quilo.” Não sei a troco de quê, acabei fondo. Azar é do goleiro. Deu no rádio que o tempo ia abrir e entrei numas de pegar um sol e dar uma perneada. Pedi o carro pro pai, passei na lomba do Pinheiro pra pegar o Magrão e encarei a Freeway.
Cheguei lá, primeira coisa, botei um chinelo de dedo. Aí, peguei uma bici e fui no super comprar umas berga. Parei na sinaleira e vi que tinha uma galera tri massa na lancheria da esquina. Entrei, pedi um refri e fi quei ali de canto. Eram aquelas guria do Anchieta, que eu conheci no Parcão. E eu, loco de faceiro, pois tava lá aquela alemoa, com cara de colona, dando sopa. Pra tu vê que eu não sou chinelão, cheguei junto e mandei um texto tri profí. A alemoa se abriu pra mim: “Bah, tu é parceiro, dos meu, cara.”
Mazáh! Te mete! Baita balaqueiro! Aproveitei que eu tava bem na foto e chamei ela pra dar uma volta de carro. Te liga, então. A guria tava tri a fi m de ir pra Santa. Fui. Peguei a Brioi, que vai dar em Floripa, e acelerei. Pra tu ver como são as coisa. A família da mina tem uma baia dessas de veranear, na lagoa da Conceição. Pensei comigo: “Vai ser um findi a fuzel.”
Aí a gente chegou e a guria pirou na batatinha, viajou na maionese.
Entrou numa noia, tipo cheia de dedos. Não podia mexer em nada, nem fazer barulho, pra não sujar “com as véia aí do lado”. Mó saco, cortou o barato. Na hora do vamo ver, não rolou. Sei lá, travei. Falei pra mina bem nessas: “Aí, não deu liga.” Ela resmungou “tô de cara” e começou a chorar. Pegou uma garrafa de vodca e mamou no gargalo. Tomou um balaço. Chamou o Hugo, fez o maior porquinho. É brincadeira!
Ainda bem que foi na patente. Pedi arrego. Fechei um chimas, botei um calção e fui pra sacada, lagartear. A mina chegou pro meu lado: “Aí, ó, baita sanduba que eu fi z pra ti, na responsa.” Olhei de revesgueio. Era um cacetinho com umas gororoba dentro. Periga a mina nem lavou as mão. Dei um godô e fi quei pensando: “Bah, eu me meto em cada indiada.”
Eu já tava ali há horas, louco pra picar a mula. Foi quando tocou o celular. Era a Li me chamando prum churras tri a fu no Campeche.
Não falei nada pra não alertar os ganso. Mas a pinta se tocou e queria se escalar pra ir junto. Aí fechou o tempo. Montei num porco. “Tchê, qual é o teu pastel?”
Recolhi as tralha e me mandei. Deixei a mina lá. Deu pra mim.
- Kledir Ramil
[É mais um teste de porto-alegrês, mas azar, é o que tinha em mãos].