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Fórum para homens a moda antiga


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Parei pra pensar nesses dias a respeito disso.

Não sou um cara velho, em termos cronológicos. Mas psicologicamente, me sinto com uma certa idade.

A cada ano que passa, fico mais acomodado, na minha zona de conforto, sem querer esquentar muito a cabeça com as coisas. E isso é pernicioso, porque cada vez menos, tento coisas novas. Eu procuro atividades de rotina pra não ter que me esforçar muito com coisas que ainda não sei fazer.

Não só isso, mas eu não ponho muita esperança no futuro, no Brasil, ou em qualquer outra coisa que seja. Pra mim, nosso país sempre será um lugar meio colonial, meio violento e é isso mesmo.

Antigamente, não tinha tanto medo de errar, quanto hoje. Sempre fico um pouco preocupado do que os outros vão achar do meu desempenho, tanto desportivo, quanto profissional.

Mas nem sempre fui assim.

Eu peguei um livro de inglês aos 11 anos para tentar aprender sozinho. Procurava sobre diferentes assuntos na internet, apenas por curiosidade, sem nenhuma motivação financeira. Tinha um interesse sobre dinossauros e os bichos da natureza.

Acreditava que o país, a cidade, o mundo poderiam ser lugares melhores.

A paixão acaba se tornando em uma rotina cinza e monótona.

Tento então combater os efeitos psicológicos da velhice. Agora só me resta saber o que me levou a ficar assim, se foi a idade mesmo, ou se foi a influência suja dos meios por onde passei.

Alguém também nota os mesmos efeitos?

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Não tenho disso não, acho que é só viadagem sua mesmo. hauhuahua

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Tenho mais força física hoje porque estou maior, mas como tenho andado sedentário tenho menos resistência.

Quando olho crianças fazendo bagunça e vejo aquela pilha inesgotável, sinto falta daquela energia toda. Mas por outro lado... aquela inquietude constante me enervaria hoje.

Quanto a curiosidade, e ousadia (oposto de medo de errar eu acho), penso que a minha nunca esteve tão alta. Meu apetite para desafios e segurança de que eles podem ser vencidos aumentou com a idade, acho que após uma série de confirmações de que eu tenho capacidade pra enfrenta-los. Meu apetite por saber, e por tentar coisas novas também aumentou bastante.

E também a paciência: porque esse apetite e curiosidade às vezes precisa ser alimentado por uma tonelada de teoria chata. Comecei pegando livros de matematica e física do segundo grau que eu tinha aqui e fazendo exercícios como passatempo. Quando vi estava querendo encontrar aplicações práticas pra isso e...

... no processo resolvi uma questão que me incomodava desde a adolescência. Não de matemática, mas pessoal. Na época da adolescência a vida foi muito dura por aqui e tivemos tempos muito difíceis. Então, eu fui atrás de oportunidades. Mas esse oportunismo era aquele de fazer do limão uma limonada. Eu não estava envolvido com o que realmente vinha de um tipo de chamado interior que me levasse a uma realização. Eu era eficaz e ponto.

Essa curiosidade me botou em contato com, e me ajudou a procurar um caminho pela primeira vez. Um algo que viesse de dentro de mim. Mesmo a despeito da minha vida profissional não ter nada a ver com isso, e pender em outra direção, decidi que vou estudar Mecatrônica. Se eu vou trabalhar na área eventualmente? Não sei. Se vou inovar na área? Provavelmente, porque eu fiz inovações em praticamente tudo que botei a mão até hoje (de luteria a produtos químicos). Na pior hipótese vou construir robôs maneiro no meu tempo livre, e na melhor, vou abrir mais uma empresa, mas nessa área.

A minha paciência com conversa mole no entanto, diminuiu assombrosamente. Há textos que não consigo mais ler (quando linkam alguma bobagem SWPL por ex). Ou papo furado sobre futebol e o clima. Se for pra conversar amenidades, pergunto a respeito do meu interlocutor para saber mais. As pessoas ficam surpresas. "Fulano, tu é natural de onde?", e assim vai. Incrível como as pessoas estão acostumadas a ninguém perguntar nada sobre elas. Na verdade não é tão incrível, quase ninguém me pergunta nada também.

Quanto a esperança sobre o país... hehehehe. Eu não tenho nenhuma. Eu apenas espero que não vire uma ditadura bolivariana e pra mim está bom. O ser humano é tolo, fraco e mesquinho, então em todos os lugares haverão problemas, tanto maiores quanto menos a cultura do lugar disponha de meios de incentivar aspirações maiores e desincentivar a tolice, fraqueza e mesquinharia. No Brasil do Macunaíma, essa cultura não faz muito, então o que se pode esperar é apenas isso, lidar com engraçadinhos, larápios e boçais. Mas tem lugares piores no mundo.

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Rant, se quer desafio, insegurança, empreendedorismo e emoções fortes, venha para Porto Alegre com um carro bacana fazer bicos para o Uber. Além de ganhar uma grana até considerável, em cada esquina haverá um gigante para derrubar.

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Sobre mecatrônica, fiz meio ano ou um ano, não lembro ao certo, do curso técnico de informática industrial, que é o baixo nível da área. Manjando de elétrica e de programação (na época usava linguagem C), o amigo vai tirar de letra.

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NicolasPK escreveu:
Sobre mecatrônica, fiz meio ano ou um ano, não lembro ao certo, do curso técnico de informática industrial, que é o baixo nível da área. Manjando de elétrica e de programação (na época usava linguagem C), o amigo vai tirar de letra.


É... basicamente eletrônica, programação de baixo nível (pode ser C mas me recomendaram Assembly), e um pouco de usinagem metal.

Sempre vai ter um torneiro pra fazer a parte de usinagem (que eu acho o máximo e vou curtir muito mas digo isso por outro motivo). A eletrônica tenho estudado por conta, o autodidatismo ajuda e... na real, eu acho fácil mesmo. Penso que chegando com uma base forte em eletrônica, a parte de programação sendo posterior no curso dá tempo também de chegar com uma base.

A minha idéia não é apenas tirar nota boa e um diploma. E saber mais que os demais e ter uma bagagem de conhecimento e de truques na manga que permita combinar e recombinar o que se sabe de formas novas. Eu acredito firmemente que quanto mais técnica, mais flexibilidade de performance. Conhecer a fundo algo permite pensar fora da caixinha.

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Rant Casey escreveu:
Na pior hipótese vou construir robôs maneiro no meu tempo livre, e na melhor, vou abrir mais uma empresa, mas nessa área.


Vai construir ginoides.  Razz

Rant Casey escreveu:
Se for pra conversar amenidades, pergunto a respeito do meu interlocutor para saber mais. As pessoas ficam surpresas. "Fulano, tu é natural de onde?", e assim vai. Incrível como as pessoas estão acostumadas a ninguém perguntar nada sobre elas. Na verdade não é tão incrível, quase ninguém me pergunta nada também.


Não lembra do "Rant" do Chuck Palahniuk? Tem um personagem que diz algo mais ou menos assim: "a melhor forma de conquistar uma pessoa é fazê-la falar sobre si mesmo. Pessoas gostam de sentir que são importantes para as outras".

Rant Casey escreveu:

A minha idéia não é apenas tirar nota boa e um diploma. E saber mais que os demais e ter uma bagagem de conhecimento e de truques na manga que permita combinar e recombinar o que se sabe de formas novas. Eu acredito firmemente que quanto mais técnica, mais flexibilidade de performance. Conhecer a fundo algo permite pensar fora da caixinha.


Isso vale para se destacar em qualquer profissão.

O fato é que, por melhor que uma faculdade seja, no final das contas 80% depende de vc. Os professores, se forem realmente bons, no máximo te indicam uma bibliografia ou coisa do tipo e você segue seu caminho a partir daí.

É mais ou menos como Morpheus diz para o Neo em Matrix: "eu só posso te mostrar o caminho, quem tem que atravessá-lo é vc"

Aí entra aquela coisa de "chamado interior" que vc falou. Pode parecer clichê, mas quando vc faz algo motivado pelo "chamado interior', vc realmente se destaca no que faz.

Última edição por Joe em 25/11/15, 05:31 pm, editado 1 vez(es)

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Sobre o tópico:

Falando apenas por mim, descobri que, se vc não se sente empolgado ou não tem a mesma empolgação de antes por algo, o problema não é vc, mas o mundo a sua volta. O envelhecimento psicológico, usando a frase do Redondo,  "é a influência suja dos meios por onde passei."

A leitura de "The Outsider" do Colin Wilson foi fundamental para mim.

Basicamente vc precisa descobrir duas coisas:

1- A melhor forma de se expressar (não precisa ser algo artístico. Por ex: fabricar pedais de guitarra, coisa que o pessoal daqui curte, tbm é uma forma de expressão pessoal).
2 - O melhor meio de viver a vida.

Para tanto vc precisa meio que começar do zero, algo do tipo "estou mesmo fazendo o que quero ou o que esperam de mim?". Muitas vezes confundimos, nos auto-enganamos tentando acreditar que algo é o melhor para nós, quando na verdade estamos apenas nos rendendo.

O único problema de começar do zero é que vc começa a ter um monte de ideias, e não sabe nem por onde começar, mas isto é apenas uma questão de se organizar.

Tvlz minha fascinação por links SWPL, além do prazer de atormentar vcs (risos), seja para me lembrar "não quero acabar como eles".

O que quero dizer é que, quando todo mundo a sua volta está conformado ou agindo como idiota SWPL, fica difícil lutar contra a maré.

Tem um episódio de 'Além da Imaginação" que é o seguinte: uma modelo é congelada por milhares de anos e acorda num hospital num mundo pós-guerra nuclear. Nesse mundo os descendentes dos sobreviventes da guerra nasceram deformados por causa da radiação, com rostos que parecem de um porco. Todo mundo diz a modelo que ela é deformada e tentam "consertar" seu rosto com cirurgia.

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Ela primeiro resiste e foge, mas no final cede a pressão social. E o episódio termina com ela se olhando no espelho e chorando, desejando ser "bonita" como todo mundo.

Creio ser esta uma belíssima metáfora para o que o Redondo disse sobre "é a influência suja dos meios por onde passei" e tbm para o conceito de "Outsider" do Colin Wilson.

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O Joe matou o tópico, fico feliz com a resposta que ele deu.

Rant, boa sorte na sua caminhada rumo à Mecatrônica!

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