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Fórum para homens a moda antiga


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Dentro de um modelo capitalista e em prol dele, a educação das crianças se baseia nesta máxima: cada um cuida e usufrui do que é seu. Em um modelo materialmente socialista cabe uma máxima não tão diferente: cada um cuida e usufrui da parte que lhe é dada. Em ambos, como se vê, temos um fundamento e princípio economicista, a partir do que todas as atividades e modos de vida das pessoas se dão. Este princípio economicista regula todas as teorias e modos de pensar e de viver: tudo que o contradiz é condenado pelos governantes e intelectuais e ignorado pelo povo, muitas vezes às algazarras.

É desde o economicismo que alcançamos, tanto no capitalismo como no socialismo (que curioso!), a ideia equivocada de "indivíduo"; pois é ele a célula da sociedade, são suas inclinações, seus desejos e ambições materialistas que dão lógica e motor à sociedade como um todo. A lei é usufruir, usar e abusar daquilo que lhe cabe do modo que lhe convir, com único fim de satisfazer seus desejos mais imediatos. É aí que surge o egoísmo, a competição dos prazeres, o desrespeito e a falta de consideração para com o outro - e com isso tudo que não for da esfera individual é rechaçado, tudo que não for materialmente (ou psicologicamente, o que dá no mesmo) útil, esta palavrinha mágica, tudo o que não for útil é excluído, perde seu valor existencial. Assim, a esfera pública (e a natureza), não servindo de nada para a satisfação imediata do indivíduo, deixa de existir para o povo: aparecendo como um "espaço extra", serve para lá se jogar tudo o que na propriedade individual causa desconforto; então o lixo é jogado das janelas das casas e dos carros nas ruas, monumentos servem para o divertimento de pixadores, e aparece o fenômeno da feificação da sociedade.

Essa feificação, porém, toma proporções quiméricas, e acaba por dominar todos os setores da sociedade, ou seja, acaba por dominar todos os ambientes onde o indivíduo vive. A vida individual se torna um inferno e, sem se dar conta do motivo, covarde do jeito que é, desconta sua raiva justamente na esfera pública: música alta, xingamentos, brigas e empurrões em filas e transporte público, e assim por diante. O indivíduo sabe que não será penalizado gravemente porque não extrapolou a propriedade de alguém - e a propriedade é um mantra do economicismo.

No economicismo, a regra, como dissemos já, é o indivíduo usufruir do que lhe cabe, satisfazer os desejos imediatos. Desse modo, a natureza, o mundo, com sua riqueza de florestas e rios, fauna e flora em geral, tudo isso deixa de ser algo vivo, digno de valor, para se transformar em ferramentas dos desejos individuais. Mais do que isso: o próprio homem, cuja existência é conjunta com a da natureza, se maquiniza, e sua saúde e seus pensamentos passam a obedecer unicamente os desejos; os livros são lidos unicamente para entreter, as ciências naturais perdem sua posição para as engenharias, a metafísica para a ética, o aprendizado para a recreação. Tudo isso força, na esfera pública, uma necessidade de satisfação material, dos sentidos, que bloqueia e expulsa a naturalidade da vida humana; e ao distanciar o homem da natureza, não está a utilizando para fins realmente satisfatórios, quando estes fins significam as satisfações dos desejos sensoriais, mas, pelo contrário, isola o próprio homem na sua imperfeita e incompleta individualidade. Esse modo de ver o mundo e o homem feifica a existência, tira dela todo o valor que contém em si, e acaba gerando, apesar do seu objetivo, justamente o oposto do que deseja: a insatisfação geral.

Então o homem é visto como mau, a sociedade como má, o mundo como um erro, a existência como um castigo, o que gera no povo a reivindicação para reformas: leis em cima de leis são feitas, é dado ainda mais poder e "liberdade" ao indivíduo, o que acaba sempre piorando e agravando ainda mais a situação. Em meio a isso, ideologismos cada vez mais bizarros aparecem, os modos artificiais e antinaturais de vida se proliferam: o homossexualismo, o feminismo, o protestantismo, o ateísmo; junto com isso se dividem em cismas o próprio capitalismo e o socialismo, em múltiplas opiniões sem fundamento, que gritam no escuro em busca de salvação geral. Conforme as coisas pioram, o sistema político vai se tornando cada vez mais complexo e, portanto, burocrático - assim como teme a realidade nua e crua da condição física e espiritual do homem, o povo teme a "invasão" da individualidade, obrigando o sistema político se tornar complicado o bastante para que não hajam "tiranos"; assim, o sistema político acaba agravando e perpetuando a situação economicista, impedindo qualquer um de meios para mudá-la.

Esta complexidade do sistema político torna o comércio (jurídico) mais lento e despersonalizado, pois o Estado se tornou uma máquina. Aqui também se pode falar de uma feificação política; a sociedade, como um todo, perdeu seu sentido intrínseco, e os indivíduos começam a buscar a solidão, como modo de afrontar e até mesmo injuriar "os outros" (a sociedade, morta). Para abarcar os infinitos desejos individuais, a sociedade se pluraliza, mas ao mesmo tempo tira a dignidade das pessoas, e cada homem se torna "apenas mais um"; seus ideais, suas verdades recebem um valor meramente subjetivo: "cada um com as suas ideias" - não existe mais o certo e o errado, e com isto toda a sociedade é nivelada por baixo; nada tem dignidade, nada tem valor. Hoje se percebe isso, mas não se conhece sua raiz, e o homem, tal qual na complexificação do Estado, só trabalha para o agravamento da situação: com a psicologia, ciência barata, tenta descobrir meios para distrair ainda mais o homem de sua insignificância; então surgem as aulas de informática para os idosos, a arquitetura colorida e infantil dos espaços adultos, as ridículas premiações, as festas de formatura, as excessivas homenagens, tudo para criar artificialmente uma satisfação que, no íntimo, não existe e é impossível de ser realizada. Eis que a vida, para ser suportável, teve que virar um teatro infantil, numa alegria sem-sentido que ultrapassa os limites do absurdo.

Não há nada de mais vergonhoso para alguém que está sendo homenageado, enquanto indivíduo, perceber que é tudo falso; e nada mais desesperador do que ver que todos aplaudem com falsidade, com teatrinho. Pois está todo mundo cegado pela exigência de satisfação individual, uma necessidade imposta e sem sentido algum. Todos aplaudem pensando fazer uma esmola que, em outro momento, esperam receber de volta, como cabe à ridícula e absurda conveniência.

O homem feifica o mundo, arranca de si todo o valor existencial, e então se desespera por alguma salvação rápida e gratuita através dos sentidos (o que é evidentemente impossível).

http://legio-victrix.blogspot.com.br/2015/06/alvaro-hauschild-patriotismo-versus.html

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Não lembro onde eu li/ouvi que a parcela menor da sociedade não é o individuo, mas duas pessoas. Concordo absolutamente, e parece ser um ponto central nessa questão aí.

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Ashura escreveu:
Não lembro onde eu li/ouvi que a parcela menor da sociedade não é o individuo, mas duas pessoas. Concordo absolutamente, e parece ser um ponto central nessa questão aí.


O ponto central me parece ser que uma sociedade precisa de indíviduos que compartilhem valores em comum.

Como numa sociedade capitalista o hedonismo é o único valor, cria-se uma cultura de todos contra todos.

Fenômenos como o esquerdismo seria uma forma de dar uma coesão social onde não mais existe. O problema é que o esquerdismo, como um garoto mimado rebelde, está mais preocupado em atacar os valores do que achar algo que una as pessoas.

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O esquerdismo hoje pauta pelo individualismo extremo dos fetiches sexuais. O ápice disso é a centenas de classificação de generos que querem criar.

O individualismo economicista + individualismo subjetivista(sexualidade, etc) andam de mãos dadas.

Um ponto extremamente falho de Olavo de Carvalho é querer casar "individualismo" com conservadorismo, pro agradar americanos. Essa equação não fecha.

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White Witch escreveu:
O esquerdismo hoje pauta pelo individualismo extremo dos fetiches sexuais. O ápice disso é a centenas de classificação de generos que querem criar.

O individualismo economicista + individualismo subjetivista(sexualidade, etc) andam de mãos dadas.

Um ponto extremamente falho de Olavo de Carvalho é querer casar "individualismo" com conservadorismo, pro agradar americanos. Essa equação não fecha.


O esquerdismo de hoje casa melhor com o capitalismo do que qualquer olavetismo.

Quando esquerdista fala em coisas como "inclusão social" essa inclusão seria em relação a que? Ao modelo de sociedade vigente.

Não querem que minorias tenham mais espaço para derrubar o status quo. Quando falam que querem mais mulheres CEO, mais negros em universidades, etc, querem é incluir esses grupos no modelo capitalista vigente.

Querem que o mundo seja um shopping center cheio de diversidade onde todos consomem felizes.

Última edição por Joe em 23/07/15, 03:32 am, editado 1 vez(es)

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Quando esquerdista fala em coisas como "inclusão social" essa inclusão seria em relação a que? Ao modelo de sociedade vigente.

E detalhe: a esquerda social-democrata, para criar "inclusão social", faz isso de uma maneira esquizôfrenica: ataca o príncipio da meritocracia, que é a principal base ideologica do modelo de democracia.

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Em minhas recentes analises históricas cheguei a conclusão que não é mero incidente ideológico, na verdade as "sociais-democracias" e o esbanjamento de dinheiro com programas sociais é mera peça no velho jogo de tornar os ricos mais ricos. I.e. a classe bancária.

Os programas sociais viram avalizador/justificativa para governos pegarem empréstimos impagáveis como o caso da Grécia, para a opinião pública, é vendido uma mistura de mitos liberais(investimento vai gerar riqueza, etc).

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Eric Heisel escreveu:
Quando esquerdista fala em coisas como "inclusão social" essa inclusão seria em relação a que? Ao modelo de sociedade vigente.

E detalhe: a esquerda social-democrata, para criar "inclusão social", faz isso de uma maneira esquizôfrenica: ataca o príncipio da meritocracia, que é a principal base ideologica do modelo de democracia.


Acho que a coisa é mais insana ainda.

Eles atacam o principio da competitividade, que é a base do capitalismo.

Porém, querem integrar minorias em estruturas capitalistas (cargos em empresas, universidades, etc).

Querem um capitalismo, mas sem os malefícios deste. Por isso gostam de aloprar com teorias de engenharia social, como o White Witch explicou no tópico sobre o desejo de retornar a infância. Querem "consertar" o sistema, mas sem abrir mãos dos benefícios que o sistema oferece a eles.

Querem uma espécie de capitalismo sem capitalismo (socialismo?).

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Joe escreveu:


Querem uma espécie de capitalismo sem capitalismo (socialismo?).


Terceira Via, ou "Social Democracia".

Isso até dá nome a um partido ultraconservador de direita reaçonária no Brazil. rs

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White Witch escreveu:
Em minhas recentes analises históricas cheguei a conclusão que não é mero incidente ideológico, na verdade as "sociais-democracias" e o esbanjamento de dinheiro com programas sociais é mera peça no velho jogo de tornar os ricos mais ricos. I.e. a classe bancária.

Os programas sociais viram avalizador/justificativa para governos pegarem empréstimos impagáveis como o caso da Grécia, para a opinião pública, é vendido uma mistura de mitos liberais(investimento vai gerar riqueza, etc).


Não captei a ideia. Como funcionaria esse jogo de tornar os ricos mais ricos e sua relação com os programas sociais?

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Joe escreveu:
White Witch escreveu:
Em minhas recentes analises históricas cheguei a conclusão que não é mero incidente ideológico, na verdade as "sociais-democracias" e o esbanjamento de dinheiro com programas sociais é mera peça no velho jogo de tornar os ricos mais ricos. I.e. a classe bancária.

Os programas sociais viram avalizador/justificativa para governos pegarem empréstimos impagáveis como o caso da Grécia, para a opinião pública, é vendido uma mistura de mitos liberais(investimento vai gerar riqueza, etc).


Não captei a ideia. Como funcionaria esse jogo de tornar os ricos mais ricos e sua relação com os programas sociais?


O problema do capitalismo moderno é que buscam lucrar reduzindo salários, mas com salários reduzidos, quem vai comprar os produtos produzidos?

Para resolver esse problema os grandes capitalistas modernos, tomam empréstimos.

Governos sociais-democratas da Europa, pegam emprestimos junto a FMI, ou fundos da União Européia, sob pretexto de investir no social. Sem esse pretexto, a população se enfureceria. Só que esse dinheiro só serve para resolver o problema que coloquei acima, de mascarar a queda do poder de compra do trabalhador.

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