Rant Casey escreveu:Para esclarecer o que quero dizer:
Noto que as pessoas que mais dizem não, as mais "empata jogo", são normalmente as com mais dificuldade em, tendo dito sim para uma coisa, dizer não a outras.
É insegurança.
Uma pessoa segura sabe dizer sim a algo sem necessariamente dizer sim para todo o resto. Sabe estipular seus limites. Sabe mostrar aos outros estes limites. Tem uma postura aberta e positiva, porque suas fronteiras não são frágeis e saberá se fazer respeitar.
A pessoa insegura por outro lado tem o não sempre pronto na boca, até para aquilo que não é necessário. Sente necessidade de policiar os outros nas minúcias, e vive desconfiada. Uma vez dito sim, uma vez permitindo a alguém algo, não consegue mais estabelecer seus limites. Não sente que possui força para dizer não, uma vez tendo dito sim. Não tem certeza da extensão do seu direito em dizer não, e teme desagradar e afugentar aos outros ao traçar seus limites.
É contraditório vindo por exemplo de feministonas? Nem um pouco. A postura feminista ao mesmo tempo que é adotada por mulheres frágeis, com pouca autoconfiança, também é ao fim fragilizante ela própria. Ao se imergir num ideário onde a realidade é uma batalha perdida, e "o patriarcado e a cultura e a sua avó doente" conspiram pra "limitar sua autonomia", o medo é a totalidade de sua realidade. Esse cenário deseperador permite apenas medidas desesperadas, onde a pessoa passa a crer que "somente a resistência desesperada, 'suicida', kamikaze, aos demais, é a sua alternativa".
Aí, obviamente, surge a necessidade de se amparar no coletivo. De ter leis para mediar sua relação difícil com os outros (leis pra regular até a vida privada). A necessidade de apoio no coletivo ("mexeu com uma mexeu com todas, e etc").
E "não culpe a vítima! Dizer não é tãooooo difícil, que é possível sim, eu me sentir violada a posteriori. Eu jamais conseguiria assertar minhas fronteiras no ato, no decurso de qualquer ocorrência."
Que daí resulte toda sorte de narcisismos, onde ao ter seus limites pessoais fracos a pessoa não discerne mais entre o Eu e o Outro, é apenas desdobramento.
Você conseguiu sintetizar todo o cérebro feminino em uns trezentos caracteres. Estou impressionado (e isso foi um elogio sincero, não sarcasmo)