Rant Casey escreveu:
Ocidental deturpa tanto que esse budista com quem você conversou é ele próprio um deturpado: budismo nunca foi feito pra ser "terapêutico" ou um caminho de auto melhoria pela aniquilação de defeitos.
Ele é sobre aniquilação absoluta do "ego".
Eles vão ao ponto de fazer exercícios e demonstrações de como suprimir os instintos mais básicos como fome, dor, etc.
Sob um certo ponto de vista o budismo pode ser considerado a Forma Última do Escapismo.
Pelo que vi , "matar o ego" na gnose e no budismo não são exatamente a mesma coisa. Do lado gnóstico observo que a coisa puxa mais para um lado freudiano(apesar de gnósticos ironicamente não gostarem de Freud), tanto que o NA fala em "agregos psíquicos" e eliminação da paixão.
Quanto ao budismo, nunca me disseram que budismo é terapêutico, mas que a coisa funciona num negócio que eles chamam de ciclos do Sansara (acho que esse é o nome). A saber, a ideia é ir eliminando o ego aos poucos (tipo levar uma vida inteira) até chegar num ponto de transcendência total. O que acontece nessa passagem de um ciclo para outro é uma melhoria do individuo num sentido meio auto-ajuda de eliminar vícios, defeitos, etc, até chegar no ciclo final. Lembra do segundo Matrix onde sugerem que haveria uma matrix dentro de uma matrix? Seria algo mais ou menos assim. O Neo seria o cara que passou de um ciclo para o outro, mas não saiu da matrix que engloba todas as matrix.
E o budismo não seria exatamente uma forma de escapismo, mas de se libertar de aspectos ilusórios da existência (de novo, uma coisa meio matrix) e atingir uma "nova realidade" (note que a história do Odin de "sacrificar você para você mesmo" apresentada pelo Donovan vai um pouco nesse sentido). O objetivo de se privar não é "negar o desejo por comida", mas não se tornar escravo da comida (o Radamanto até comentou algo nesse sentido no whatsapp), tipo um guloso.
Tanto que na gnose até avisam que um dos perigos dessa história de morte do ego é que você pode acabar criando um ego da morte do ego, ou seja, um desejo de querer eliminar os desejos.
O engraçado é que os próprios budistas dizem que é difícil atingir essa transcendência total. Traduzindo em termos ocidentais, seria o análogo a encontrar Deus. O sujeito pode rezar muito e levar uma vida dedicada a Deus e melhorar como pessoa, mas não tem ninguém que literalmente tenha encontrado Deus.
Última edição por Joe em 31/08/16, 03:20 pm, editado 4 vez(es)