Cartazes de teor machista são fixados em unidades acadêmicas da UFRGS
http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/noticia/2016/04/cartazes-de-teor-machista-sao-fixados-em-unidades-academicas-da-ufrgs-5776854.html#
Ao chegarem à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na manhã de segunda-feira, alunos e professores depararam com cartazes de teor machista espalhados pelos corredores de unidades acadêmicas do Campus do Vale, na zona leste da Capital. As mensagens foram fixadas em frente a centros acadêmicos da instituição, como no de História, e retiradas no mesmo dia por representantes do curso.
"Menos empoderamento. Mais empauduramento", dizia um dos folhetos fixados, como se pôde ver em fotos dos cartazes mostradas à reportagem por alunos da universidade. Os estudantes relataram que a frase acima, uma das que mais causaram espanto, vinha ainda acompanhada do seguinte texto: "O feminismo não luta pela igualdade de direitos, mas é um movimento político socialista, inimigo da família, que estimula a mulher a largar seu marido, matar seus filhos, praticar bruxaria, destruir o capitalismo e tornar-se lésbica".
O mesmo cartaz apresentava a foto da professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Lola Aronovich, que aborda questões feministas no blog Escreva, Lola, Escreva. Embaixo da imagem, os dizeres "Corra da Lola, Corra". Em seu blog, ela se manifestou, ressaltando que gostaria de um posicionamento dos coletivos feministas, da UFRGS e da Universidade Federal de São Paulo (USP), onde os mesmos cartazes foram espalhados. "Obviamente, não é o primeiro, nem será o último ataque", destaca Lola.
Em outro cartaz, o conteúdo fazia referência ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), manifestando apoio à candidatura do político à Presidência. Os alunos da UFRGS relatam ainda que as ações foram assinadas por um grupo intitulado Frente de Opressão de Abobados, Socialistas, Comunistas, Etc. (F.O.D.A.S.C.E).
O Departamento de História da universidade realizou uma plenária na tarde desta terça-feira para discutir possíveis medidas a serem tomadas em relação ao ato, considerado um "ataque aos direitos humanos e a toda a universidade", segundo o chefe do Departamento de História, Fernando Nicolazzi. O próximo passo, de acordo com Nicolazzi, será reportar o ocorrido à Reitoria da UFRGS. O departamento sugere também que alunos façam denúncia à Polícia Federal, que pode averiguar o caso.
Também já está sendo discutida, no âmbito dos direitos humanos, a possibilidade de se realizar uma audiência pública na Assembleia Legislativa a fim de repercutir situações do tipo na comunidade acadêmica, visto que não se trata apenas de um caso isolado. Alunos comentam que atitudes de apologia ao estupro, por exemplo, são frequentes principalmente em grupos virtuais, blogs e em redes sociais.
– Esse tipo de ataque vem acontecendo de maneira sistemática. São atos de violência com dimensões muito mais amplas. Trata-se de um atentado a uma série de direitos humanos, com diretrizes racistas e de gênero, por exemplo – afirma Nicolazzi.
Uma aluna de História da instituição, que não quis ser identificada, ressalta que, mais do que surpreender, esse tipo de atitude desperta medo.
– O Campus é perigoso e tem pouca segurança, principalmente para as gurias. Então, chegar à faculdade e ver cartazes como esses realmente assusta. O que antes era um discurso só da internet está ficando cada vez mais real. E a gente não sabe até que ponto isso pode se concretizar – comenta a jovem.
Segundo ela, na semana passada, um cartaz com o mesmo conteúdo havia sido fixado em um prédio do Campus Centro.
Zero Hora entrou em contato com a Reitoria da universidade, que não se posicionou sobre o assunto. Na segunda-feira, o Departamento de História emitiu uma nota de repúdio aos "ataques fascistas" sofridos. "No contexto de exacerbadas disputas políticas pelo qual passa o país, a luta constante contra práticas autoritárias fundadas unicamente na discriminação social, racial e de gênero se torna cada vez mais necessária. A Universidade Pública deve se constituir como lugar privilegiado para o resguardo das práticas políticas democráticas e republicanas", diz a nota.
Última edição por Joe em 14/04/16, 12:37 am, editado 2 vez(es)
http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/noticia/2016/04/cartazes-de-teor-machista-sao-fixados-em-unidades-academicas-da-ufrgs-5776854.html#
Ao chegarem à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na manhã de segunda-feira, alunos e professores depararam com cartazes de teor machista espalhados pelos corredores de unidades acadêmicas do Campus do Vale, na zona leste da Capital. As mensagens foram fixadas em frente a centros acadêmicos da instituição, como no de História, e retiradas no mesmo dia por representantes do curso.
"Menos empoderamento. Mais empauduramento", dizia um dos folhetos fixados, como se pôde ver em fotos dos cartazes mostradas à reportagem por alunos da universidade. Os estudantes relataram que a frase acima, uma das que mais causaram espanto, vinha ainda acompanhada do seguinte texto: "O feminismo não luta pela igualdade de direitos, mas é um movimento político socialista, inimigo da família, que estimula a mulher a largar seu marido, matar seus filhos, praticar bruxaria, destruir o capitalismo e tornar-se lésbica".
O mesmo cartaz apresentava a foto da professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Lola Aronovich, que aborda questões feministas no blog Escreva, Lola, Escreva. Embaixo da imagem, os dizeres "Corra da Lola, Corra". Em seu blog, ela se manifestou, ressaltando que gostaria de um posicionamento dos coletivos feministas, da UFRGS e da Universidade Federal de São Paulo (USP), onde os mesmos cartazes foram espalhados. "Obviamente, não é o primeiro, nem será o último ataque", destaca Lola.
Em outro cartaz, o conteúdo fazia referência ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), manifestando apoio à candidatura do político à Presidência. Os alunos da UFRGS relatam ainda que as ações foram assinadas por um grupo intitulado Frente de Opressão de Abobados, Socialistas, Comunistas, Etc. (F.O.D.A.S.C.E).
O Departamento de História da universidade realizou uma plenária na tarde desta terça-feira para discutir possíveis medidas a serem tomadas em relação ao ato, considerado um "ataque aos direitos humanos e a toda a universidade", segundo o chefe do Departamento de História, Fernando Nicolazzi. O próximo passo, de acordo com Nicolazzi, será reportar o ocorrido à Reitoria da UFRGS. O departamento sugere também que alunos façam denúncia à Polícia Federal, que pode averiguar o caso.
Também já está sendo discutida, no âmbito dos direitos humanos, a possibilidade de se realizar uma audiência pública na Assembleia Legislativa a fim de repercutir situações do tipo na comunidade acadêmica, visto que não se trata apenas de um caso isolado. Alunos comentam que atitudes de apologia ao estupro, por exemplo, são frequentes principalmente em grupos virtuais, blogs e em redes sociais.
– Esse tipo de ataque vem acontecendo de maneira sistemática. São atos de violência com dimensões muito mais amplas. Trata-se de um atentado a uma série de direitos humanos, com diretrizes racistas e de gênero, por exemplo – afirma Nicolazzi.
Uma aluna de História da instituição, que não quis ser identificada, ressalta que, mais do que surpreender, esse tipo de atitude desperta medo.
– O Campus é perigoso e tem pouca segurança, principalmente para as gurias. Então, chegar à faculdade e ver cartazes como esses realmente assusta. O que antes era um discurso só da internet está ficando cada vez mais real. E a gente não sabe até que ponto isso pode se concretizar – comenta a jovem.
Segundo ela, na semana passada, um cartaz com o mesmo conteúdo havia sido fixado em um prédio do Campus Centro.
Zero Hora entrou em contato com a Reitoria da universidade, que não se posicionou sobre o assunto. Na segunda-feira, o Departamento de História emitiu uma nota de repúdio aos "ataques fascistas" sofridos. "No contexto de exacerbadas disputas políticas pelo qual passa o país, a luta constante contra práticas autoritárias fundadas unicamente na discriminação social, racial e de gênero se torna cada vez mais necessária. A Universidade Pública deve se constituir como lugar privilegiado para o resguardo das práticas políticas democráticas e republicanas", diz a nota.
Última edição por Joe em 14/04/16, 12:37 am, editado 2 vez(es)